1. Vai a Belém, pela enésima vez, exigir a dissolução do Parlamento,
antes que fique evidente para toda a gente que os culpados da presente crise
política são exclusivamente os ex-governantes do PS, a actual direcção do PS,
a dívida colossal que os primeiros geraram, a incapacidade para dançar o
tango soteriológico do País com quem está ao leme, e não o impasse
governamental diante do precipício eleitoral do corte permanente de 4,7 mil
milhões de euros. Seguro tem medo. Dependendo do que diga e do que faça, o
seu PS definhará na simpatia dos putativos eleitores, enquanto o grosso do
eleitorado geriátrico olhará para o PSD-PP como olharam os que aplaudiram
Passos de pé, na Sé Patriarcal, reconhecidos por se manter em funções e por
ser e parecer o salvador da Pátria em contraste com Portas. Os portugueses,
se forem inteligentes, pouparão um Governo que fez tudo o que a Troyka quis e
mais faria, se não fosse tão violento, impopular e grotesco do ponto de vista
das respectivas consequências sociais e eleitorais.
2. Vai mudar de Secretário-Geral, suscitar um Costa Tostado, um Ferro
Cara-de-Cu, um caramelo qualquer mais vociferante, recrudescer a crítica ao
Governo, ao Presidente, à Troyka, à Comissão Europeia, ao FMI e ao BCE,
pedindo eleições já, pedinchando mais tempo e mais dinheiro, fazer e dizer
tudo o que as sereias diriam a Ulisses, antes que seja tarde para apanhar o
eleitorado doido, disposto, nas sondagens, a mais demagogia xuxa; antes que
se veja condicionado nas próximas eleições, tal como o PSD e o PP, com
compromissos de salvação nacional entretanto assumidos.
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13/07/2013
O Que Vai o PS Segurista fazer?
SALVE-SE QUEM PUDER
Cavaco acaba de
falar ao país. Começou com a conversa habitual da credibilidade, da responsabilidade, do
sentido de Estado, do interesse nacional e de outras tantas interpretações
livres de palavras e expressões hoje completamente desvirtuadas no sentido.
Quando toda a
gente esperava que desse o golpe de misericórdia ao país e anunciasse o seu
apoio à não solução que lhe foi apresentada por Pedro Passos Coelho e Paulo
Portas, quando toda a gente esperava ouvir que não convocaria eleições
antecipadas, Cavaco fez ainda pior e anunciou que apenas viabilizará um acordo
de regime a alcançar entre os três partidos que assinaram o memorando, um
acordo que assegure "estabilidade", não apenas até às eleições que
combinarão entre os três para data posterior ao final do programa de "ajustamento",
Junho de 2013, como também depois dessas eleições.
Há pelo menos
três conclusões imediatas a retirar de mais este episódio que atesta como a
loucura não tem limites e como o poder em Portugal não poderia realmente estar
em melhores mãos.
A primeira, que
enquanto andava para aí a teatralizar a exigência de eleições antecipadas,
António José Seguro desenvolvia negociações paralelas para encaixar o seu
partido no poder e nos negócios do poder. Agora se entende o mutismo dos
deputados do PS na Comissão de Negócios Estrangeiros, naquela que seria a
despedida de Paulo Portas: não lhe dirigiram a mais mínima observação sobre a
sua decisão de brincar com milhões de vidas utilizando a palavra
"irrevogável".
Agora se
entendem também as posições tomadas nos últimos dias por algumas figuras
sinistras do PS, como é o caso de José Lello, que se manifestou contra a
realização de eleições antecipadas alegando não estarem hoje reunidas as tais
condições de "governabilidade" que reflectem a visão aritmética que estes
partidos têm da política.
A segunda, que pelo menos durante mais um ano teremos
três partidos, que nas eleições de há dois anos obtiveram mais de 80% de
lugares no Parlamento mas que em eleições realizadas hoje de forma alguma os
obteriam, a usarem este poder, hoje ilegítimo, para prosseguirem as políticas
que aceleraram a destruição do país nos últimos dois anos com ainda mais 4700
milhões em cortes cegos.
Cavaco Silva
acaba de sentenciar o SNS que nos garantia um mínimo de segurança em situação
de doença, o Ensino público universal e de qualidade, a Segurança Social que
ainda nos punha a salvo da esmola, a estabilidade mínima no emprego que tivemos
até agora.
Cavaco Silva
acaba de decretar um aumento exponencial do desemprego, o encerramento de ainda
mais pequenas e médias empresas, novos recordes da dívida pública, a
privatização do que resta privatizar, a concentração de riqueza, um crescimento
ainda maior do número de milionários em Portugal, que aumentou nos últimos dois
anos como nunca antes.
Cavaco acaba de
consumar a desforra com o 25 de Abril há tanto sonhada.
Finalmente, a
terceira, que Cavaco Silva e os três partidos do arco da austeridade prevêem
voltar a transformar as próximas eleições numa mera divisão de poder entre os
três. Isto reflecte o respeito que não lhes merece, nem podia merecer-lhes, um
povo que, fizessem o que fizessem, nunca soube usar o voto para punir as suas
traições e os seus desgovernos sucessivos.
Cavaco tem boas
razões para acreditar que nas próximas eleições, sejam elas quando forem, os
portugueses irão agradecer a estes três partidos pela devastação hoje ainda
inimaginável que seguramente deixarão atrás de si. Pode ser que as contas lhes
saiam furadas.
A palavra foi devolvida ao povo. Mas agora será pior, terá que ser na rua.
Terá que ser a rua a correr com eles. Ou então, adeus. E salve-se quem puder.
12/07/2013
Abalos políticos
Estava esta crónica já escrita, à espera da posse dos
ministros remodelados pela proposta Passos-Portas de reentendimento da
coligação, quando – como todos os comentadores e agentes políticos – fomos
surpreendidos pela comunicação ao país de 10 de Julho do Presidente da
República. Mas vamos por partes.
Como fenómeno observável por comentadores e analistas,
o tropeção ocorrido na vida política portuguesa nos primeiros dias de Julho foi
um case study. A carta de despedida do ministro Gaspar é uma notável
peça, reveladora da maneira como funciona um governo e de como um tecnocrata
como ele, que não é um político profissional, sai vencido pelas insídias de
colegas, pelas resistências institucionais opostas a qualquer mudança mais
profunda que se tente fazer e, finalmente, pela própria consciência dos limites
das suas capacidades face aos insucessos obtidos em vários domínios decorrentes
da actuação tida (sobretudo na economia e no emprego). As cenas da tomada de
posse da sua substituta (com um caso de swaps à perna), da “irregovável”
demissão de Paulo Portas, da subsequente declaração ao país de Passos Coelho
(“não me demito”) e do atabalhoado processo que se seguiu levou muitos
observadores a falarem de “garotices”.(…)
(…)O problema é que essa lógica e essa racionalidade
se definem em relação aos interesses de poder próprios de cada um desses
actores – sejam individuais, de “grupo” ou partidários – e não, de maneira
nenhuma, em relação a um qualquer tipo de “superior interesse nacional”, chavão
discursivo com que, não obstante, somos por eles bombardeados a cada passo.
De facto, nessas acções: as informações da conjuntura
internacional (económica, diplomática, europeia, etc.) estão presentes “como
contexto”; os dados que vão sendo divulgados sobre o andamento da vida
económica e financeira do país estão igualmente presentes “como contexto”; as
barreiras legais que o Tribunal Constitucional e outras instâncias judiciárias
vão erguendo a determinadas medidas decretadas pelo governo são encaradas como
“constrangimentos do contexto”; as negociações da “concertação social”, as
tomadas de posição dos “parceiros sociais” e os pronunciamentos do Conselho
Económico e Social ou do Provedor de Justiça são ainda tomados em conta no
quadro da “análise política de situação”; idêntico tratamento é dado aos scores
das sondagens de opinião e aos movimentos de protesto nas ruas (cujos líderes
decerto estarão sob vigilância dos “serviços de informação” e serão objecto dos
seus relatórios secretos); e as tomadas públicas de posição das forças
partidárias da oposição são igualmente consideradas como “elementos de análise
da situação”, o mesmo acontecendo com as posições, públicas ou ditas com
reserva, do Presidente da República.(…)
(…)Isto aplica-se ao PSD e ao CDS que há dois anos
assumiram a governação, mas igualmente ao PS, como putativo aspirante a tomar
parte no próximo governo, que nem esse tempo demorou a considerar esquecidas as
responsabilidades do consulado de Sócrates no avolumar da crise e a cortar a
hipótese de uma solução de “salvação nacional” com a sua imprudente declaração
(mas reveladora do que o move) de que só regressaria ao governo após novas
eleições. Este foi um erro de palmatória só explicável pela fragilidade do
líder e pelas pressões internas para voltar ao poder a qualquer preço e o mais
rapidamente possível, sem o mínimo “exame de consciência” das suas
responsabilidades pelas práticas políticas desenvolvidas desde há longos anos.(…)
(…)As reacções bolsistas e “dos mercados” a esta
mini-crise governativa de Julho mostraram talvez a muita gente o que se seguirá
à convocação de eleições antecipadas, com o inerente adiamento da próxima
avaliação da “troika” e congelamento do respectivo cheque, da
inevitável “reforma do Estado”, da execução e da preparação do orçamento, de um
prolongado governo-de-gestão com as datas do resgate de vultuosos empréstimos a
aproximarem-se, etc. – sabendo nós ainda por cima que, de novas eleições (já,
ou mais adiante) só sairá uma legitimidade governativa mais abalada devido a
uma ainda mais fraca participação eleitoral (modo que resta aos cidadãos para
expressarem a sua crítica aos principais partidos políticos), e de novo uma
complicada negociação inter-partidária para a formação de um governo e a
fixação de um qualquer programa de actuação, que nunca poderá ser muito
diferente do actual, vista a envolvente externa.
A “saída democrática” que todos
dizem ser o modo de resolução de um impasse político – as eleições –, sabemo-lo
de antemão que nada resolve enquanto tivermos este sistema partidário,
que é um dos principais responsáveis pela crise actual e tem até agora mostrado
ser incapaz de se auto-reformar.(…)
(…) Mas as soluções para que apontam (como, de resto,
em parte, o próprio PS, enquanto partido de oposição) nada ajudam a perceber
qual seria a “outra política” que poderia reverter a crise actual – a menos que
fosse o empobrecimento radical resultante de uma saída abrupta do Euro,
transformando-nos numa espécie de Albânia da Europa ocidental (que aliás já
constituiu um modelo ideal para alguns dos ex-maoistas que agora nos governam).
Como escreveu Paulo Trigo Pereira (no Público de 7.Julho.2013), julgamos
que “Portugal não tem, nem terá proximamente, crescimento económico que
sustente simultaneamente o Estado social tal como hoje existe, a regionalização
e municipalização no figurino actual, os juros da dívida pública, os encargos
com as parcerias publico-privadas e um sector público empresarial que se mantém
deficitário”. (…)
(…)Por tudo isto, as previsões actuais terão
de ser de pessimismo. A não ser que, por uma “iluminação” fantástica e
surpreendente, a “classe política” cortasse 30% nos seus vencimentos e todos os
benefícios-de-função, e reduzisse significativamente o número de deputados,
vereadores, assessores e outros estipendiados pelo orçamento público, para que
pudesse apresentar-se perante o povo com alguma credibilidade no pedido de
sacrifícios.
JF / 11.Jul.2013
Seguro, a matemática e o seu francês
CUIDADO!
JÁ BASTA O “INGLÊS TÉCNICO” DO OUTRO POLIGLOTA! (SÓCRATES). ESTE
DEVE TER FEITO O EXAME DE “FRANCÊS TÉCNICO” NALGUM DIA SANTO! É
ESTA “PERA DOCINHA”, ESTE “PUDIM FLAN” O POTENCIAL 1º MINISTRO CÁ DA TERRIOLA Á
BEIRA MAR PLANTADA!
HAJA DEUS E DECORO! A MINHA AUTO-ESTIMA JÁ HÁ
MUITO QUE FOI VOANDO E NÃO MAIS VOLTOU!
VC
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