Pedro Passos Coelho rejeitou a reforma vitalícia
Pedro Passos Coelho foi o único deputado em 37 anos de história da Assembleia da República que rejeitou a reforma vitalícia a que tinha direito pelo exercício do cargo. Isto foi em 1999. São centenas de milhares de euros poupados ao erário público. Mostra bem o seu carácter, a sua seriedade e o escrúpulo com os dinheiros públicos.
Não abdicou dos seus princípios, mesmo quando isso poderia prejudicar o seu interesse. São pessoas desta envergadura ética que precisamos para governar Portugal
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Pedro Passos Coelho - Biografia
Só escreveu um discurso em toda a sua vida. As outras centenas, na Assembleia da República, nas comissões políticas, nos congressos, fê-los todos - mesmo todos - de improviso. E já fez centenas de discursos, intervenções, interpelações e declarações.
Pedro Manuel Mamede Passos Coelho nasceu em Coimbra em 24 de Julho de 1964. Os pais eram de Trás-os-Montes, família de pequenos industriais de madeira. O seu pai, António Passos Coelho, 84 anos, é médico pneumologista e foi dirigente do PSD em Vila Real. E chegou aos órgãos nacionais do partido no tempo de Sá Carneiro, conta um amigo.
A liberdade africana António Passos Coelho abandonou a direcção do sanatório do Caramulo e foi para Angola, levando com ele a família: a mulher e os filhos, Teresa, Paulino e Pedro. "Em África fui sempre um miúdo à solta", conta Passos no seu livro Mudar.
Pedro saía de manhã, almoçava numa cubata, brincava com os meninos tuberculosos, lanchava noutra cubata e ia brincando, até outra família lhe dar jantar numa outra cubata. Assim, com seis anos, aparecia em casa pelas nove da noite. Já nessa altura Pedro Passos não tinha medo.
Foi em Silva Porto, capital do Bié, que se iniciou nas tertúlias do pai. Assistia às conversas entre o pneumologista, o director do hospital, o delegado de saúde, o intendente, o administrador e o próprio governador. Ouvia e aprendia.
A primeira personalidade que o impressionou foi a de António Soares Carneiro, então major, que também falou de improviso durante toda a sua vida. "Aquele homem não se repetia" escreve Passos, que aos 16 anos colaborou na campanha presidencial do general.
Regressa a Trás-os-Montes deixando para trás o pai, que havia de reunir-se à família em 1975, já depois da independência de Angola. O choque de trocar as planícies africanas pela aldeia de Valnogueiras, Vila Real, misturou-se, na cabeça de Passos Coelho com a estranha surpresa de viver numa aldeia belíssima mas escura e triste. Sem electricidade, nem saneamento, nem água canalizada, nem televisão. Nem pretos. Para quem crescera na capital do Bié e convivera diariamente com pessoas de outra cor, a diferença era assinalável.
Passos Coelho não é racista. Aliás, casou há sete anos com Laura, com quem teve a sua terceira filha, Júlia, agora com três anos. Fisioterapeuta, Laura é guineense mas está habituada a passar por cabo-verdiana porque "as pessoas pensam que todos os guineenses são pretos retintos", diz bem-humorada. E Laura é bastante clara. De pele também.
Tó Mané, ou melhor, António Manuel Correia Dias, hoje empresário de sucesso em Vila Real, tem mais três anos do que Pedro fala do miúdo que viera de Angola e tinha o descaramento de concorrer à associação de estudantes contra os mais velhos. E de ganhar. Vila Real era palco de uma guerra política extremada naqueles tempos revolucionários. "Até Franck Carlucci, [antigo director da CIA e depois embaixador dos Estados Unidos da América em Lisboa], lá foi", lembra Correia Dias. "Não sei de onde lhe vinha aquela postura. Ele andava sempre com pessoas mais velhas. Cresceu muito mais depressa do que nós.
E sempre soube o que queria: queria ir para Lisboa", diz Tó Mané. E reforça "o Pedro era visto pelas pessoas como um 'jovem adulto', não como um miúdo, mesmo aos 15 anos!" "O discurso dele era muito adulto. E gostava mesmo de acompanhar pessoas mais velhas.", lembra Correia Dias.
E foi a politica que o trouxe a Lisboa Veio para estudar Matemática. Mas a JSD tomava-lhe todo o tempo. Foi secretário-geral aos 20, e presidente aos 26. Eleito deputado em 1991, viria a integrar a Comissão Política Nacional (CPN) do PSD de Cavaco Silva. Muitos se lembram de o jovem Pedro ter feito frente a Cavaco Silva. Um dos motivos era a política de Educação.
Era então ministra, curiosamente, Manuela Ferreira Leite. Passos Coelho teve como secretário-geral Miguel Relvas, que ainda hoje é o seu braço direito. Mas havia outros. Como Jorge Moreira da Silva, que também foi seu secretário-geral e lhe sucedeu na após três mandatos na Jota.
Um dos episódios em que Passos mostrou a sua frieza passou-se com o seu amigo Luís Nobre, hoje advogado. Manuel Dias Loureiro, então braço direito de Cavaco Silva no PSD, apresentou a Passos e lista da CPN a qual incluía apenas um representante da JSD, o próprio Pedro.
Passos foi inflexível: ou Luís Nobre entrava na lista ou ele saía. A lista, que já estava pronta, foi mesmo alterada. E ninguém soube que houvera um braço de ferro e que este fora ganho por Passos.
A mesma discrição foi usada, muitos mais tarde, quando abandonou a CPN presidida por Marques Mendes. Passos deixou de ser vice-presidente e ninguém soube os motivos pelos quais se zangara com Mendes. Mais: ninguém chegou a saber que se zangara, mas apenas que saíra.
Manteve a lealdade até ao fim. Sem comentários.
Outro episódio que retrata bem Pedro Passos é a sua recusa de receber a subvenção vitalícia da Assembleia. Foi o único deputado que a recusou. E fê-lo por uma questão de princípio.
4 comentários:
Com um homem assim...temos de ter esperança! Vou partilhar!
Um beijo e bom fds.
Graça
Minha Querida Amiga Graça,
Além deste Homem só conheço Eanes que igualmente declinaram honrarias e benefícios pois todos os outros não abdicaram delas com prejuizo para os demais deste Povo!
Com Pessoas com este caracter poderemos pensar em melhores dias apesar dos sacrificios a que formos chamados para "tapar os buracos" deixados por irresponsáveis egoístas que nos desgovernaram até agora!
Precisamos de exemplos destes para sentirmos e ganharmos credibilidade em quem nos governa!
Um beijinho amigo e solidário.
Caro Luís,
Neste momento da nossa vida nacional, somos obrigados a ter esperança e a fazer tudo por Portugal. Veremos e o Governo irá tomar as melhores medidas para restaurar a imagem do nosso País.
O primeiro problema vai ser a candidatura de Fernando Nobre a presidente do Parlamento. Já que não tem grande hipótese de vencer seria de desistir. Passos deve fazer tudo para o convencer a desistir da candidatura. Veremos se consegue.
As atitudes de «braço-de-ferro» raramente são positivas. Sócrates pecou por excesso de teimosia e por nunca reconhecer que errou. Não podemos nem devemos alimentar ilusões e esperanças exageradas. Na maior parte, os governantes já anunciados são «boys» teóricos, sem experiência de vida prática. Vejamos se têm bom senso. Temos que os ajudar criticando o que estiver menos correcto, mas sugerindo formas de decidir melhor. Oxalá sigam a metodologia
de Pensar antes de decidir.
Um abraço
João
Caríssimo Amigo João,
Sobre o assunto Fernando Nobre também me preocupo com o seu resultado final! Mas parece-me que o teimoso neste caso é o Portas!
O facto de Passos Coelho manter a ideia parece-me, apesar de perigosa, ser de manter pois julgo que na votação final prevalecerá o BOM-SENSO, pois a ideia de um Independente à frente da AR seria um bom princípio para acabar com a "PARTIDOCRACIA". No Governo já isso aconteceu com a inclusão de 4 Ministros Independentes e parece-me salutar!
Vamos ver se a "MUDANÇA" que aí vem terá o BOM-SENSO necessário para vencermos este momento difícil que neste momento vivemos!
Um abraço amigo e solidário.
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