"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

21/10/2014

Homenagem a Ilustre Camarada e Amigo




GENERAL GABRIEL ESPÍRITO SANTO

A vida num sopro … de quem é ingénito!
Morreu esta 6ª feira à noite / 16 de Outubro, com 78 anos de idade, o General Espírito Santo.
Partiu um ilustre Soldado de Portugal, a Cultura Nacional perde um profícuo militar historiador e Bragança chora o desaparecimento de um dos mais queridos filhos da Terra.
Como Militar destaca-se o Combatente do Ultramar (Angola e Moçambique), o representante de Portugal na NATO, o Comandante do Exército e das Forças Armadas Portuguesas e o Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito.
Professor insigne, do Instituto de Altos Estudos Militares e da Universidade Católica, e Homem de Letras, com vasta bibliografia de referência no campo da Estratégia e da História Militar, o General Espírito Santo congrega a ancestralidade castrense inscrita na legenda camoniana «não houve forte capitão que não fosse também douto e ciente».
Quanto ao Homem, uma simples palavra bem transmontana define-o: sólido!
Fica a memória do Homem, o legado do soldado e o exemplo do patriota. Apesar destes tempos levianamente fátuos de uma Comunidade mal calibrada, que pouco mais consegue que uma sagração noticiosa em jeito de rodapé. Afinal, quem merece quem?

O General Espírito Santos marcou muitos e eu não fujo à regra, de tal forma que não resisto a três registos pessoais sobre a sua Pessoa:
+ Teve a simples «ousadia» de aceitar prefaciar e apresentar, no IESM, o meu livro «Restauração Portuguesa de 1640», em 2011, ele que era só o autor maior do tema em apreço, deixando ficar plasmada a frase «O Autor, mais por uma amizade de bragançanos que somos, do que por outras razões, pediu-me para escrever algumas palavras de apresentação da obra …». A humildade cai sempre bem a uma figura da sua exaltação.
 + Um dia, agarrou-me no braço, com aquele seu jeito paternal e firme, e incluiu o meu nome como Sócio Efectivo da Revista Militar, de foi Presidente da Direcção durante mais de uma apaixonada década. Não é que o «título», num meio cheio de currículos muito arredado de conteúdos, seja de «somais», mas ser sócio por essa via orgulha;
+ Já General, e durante uma conversa ocasional com este Capitão na Caixa Geral de Depósitos de Bragança, lembro-me de repente de o ver rodopiar a cabeça na direcção da porta, avançar alguns passos e dar, quase em jeito adolescente, dois beijos na face de um ancião a quem tratou carinhosamente por … «paizinho»!

O General Espírito Santo é de uma recente geração de oficiais em que a espada, a pena e a eloquência caminhavam juntos. À boa maneira dos seus igrejos avós. Uma geração de boa colheita, porventura a última, que brilhava como estrelas de um firmamento que orientava, mas que se vai esgotando à medida que cada luz se apaga, a cortina encerra e a plateia, cheia de tédio, vai esvaziando.
De pé e em sentido presto continência e deixo a minha profunda admiração pelo Cabo-de-Guerra e pelo cidadão Gabriel Espírito Santo, um Militar com Arte adestrado na Arte da Guerra e um Português que o foi realmente.
Ad glorium tute!
Abílio Pires Lousada
 17Out2014

Um adeus sentido a um Senhor e Militar!
Que a terra lhe seja leve.
Um obrigado e até um dia.

Abílio Pires Lousada
Tenente-Coronel