30/08/2011
Os milionários anarquistas / Os Ricos e as Taxas
A propósito deste artigo tratado de forma aligeirada, para não dizer outra coisa mais expressiva, de Manuel António Pina, no JN, de 24/08/2011, que transcrevo:
"A ganância dos ricos não tem limites. Agora cobiçam até o pouco que os pobres têm, a servidão fiscal, e exigem pagar, como eles, impostos. Primeiro foi o multimilionário Warren Buffett que se queixou amargamente no "New York Times" de que os super-ricos estavam fartos de ser "mimados" com isenções fiscais pelos políticos eleitos pelos pobres e querem pagar também impostos. Ontem foram os titulares das 16 maiores fortunas de França: "Num momento (...) em que o Governo pede a todos um esforço de solidariedade, consideramos necessário o nosso contributo".
Quem já tenha visto um porco andar de bicicleta talvez não se surpreenda, mas eu, que já vi uma bicicleta andar de porco, ainda não caí em mim. Cairia em mim, sim, se visse o voluntarioso Governo de Passos Coelho do "imposto extraordinário" sobre pensões e salários, mas não sobre juros e lucros, e dos cortes nos subsídios de miséria de desempregados e indigentes anunciar, como o neoliberal Sarkozy, um imposto sobre rendimentos anuais superiores a um milhão de euros.
Imagino então Amorins, Belmiros, Alexandres Soares dos Santos e restantes "25 mais ricos de Portugal", cujas fortunas cresceram, com a "crise" alheia, para 17,4 mil milhões virem, os invejosos, reclamar a Passos Coelho: "Tribute-nos, que diabo!, reformados e trabalhadores não são mais que nós", repetindo com Buffett:"Já é tempo de o Governo levar a sério isso dos sacrifícios para todos".
Lembro que há três dias este mesmo assunto foi tratado por diversos comentadores de forma a merecerem a nossa melhor atenção.
Assim, Eduardo Dâmaso, afirma que o debate (ou combate) ideológico é o pior caminho para a criação de uma taxa especial para as pessoas ricas.
O multimilionário Warren Buffet e mais das maiores fortunas de França foram inteligentes na forma como apresentaram a questão: “uma situação excepcional requer um esforço excepcional e dividido por todos. Sem excepção. Esse é o caminho. Indiscutivelmente.”
Reeditar slogans fantasmas marxistas ou diabolizar o capital é uma forma muito errada para equacionar a questão!
O Mundo e a Sociedade em que vivemos estão hoje muito para lá das respostas que o marxismo e, ou, o neoliberalismo nos podem dar.Há que superar estes paradigmas sob pena de tornarmos ainda maior a ingovernabilidade do Planeta.
Francisco Moita Flores, por outro lado, referindo-se a este artigo diz-nos, igualmente, que este imposto não pode inscrever-se na tentativa de recuperação das velhas teses marxistas que a Vida e a História revelaram nunca trazer mais igualdade, antes trazendo mais tirania e brutais violações dos Direitos Humanos.
Segundo ele, este foguetório que por aí anda, alegre e excitante, em torno dos ricos poderá encantar as esquerdas radicais mas é pouco prático!
Vão pagar meia dúzia de ricos que se não escondem porque ganham o seu dinheiro legitimamente. Os que, pelos seus empreendimentos, dão emprego e de comer a milhares de trabalhadores, tão caros à nossa esclerosada esquerda que vê em cada rico um inimigo, e, que para ela não há trabalhadores malandros!
E os outros, as grandes fortunas, essas estão fora do País, no Luxemburgo, nos paraísos fiscais de Inglaterra e nas Ilhas de Caimão! E a maioria delas ganhas sabe-se lá como…
Nem todos os trabalhadores são iguais tal como acontece com os ricos e por isso mesmo haveria que procurar taxar a riqueza ilícita, da imoralidade, da corrupção, da ausência de escrúpulos! Mas essa é difícil de ser apanhada pela máquina fiscal. As garras do fisco não chegam às Fundações nem aos “off-shores” pertencentes aos mais ricos dos ricos e dessa forma não se poderá fazer uma justiça fiscal mais equitativa! E é pena!
Já Marcelo Rebelo de Sousa um pouco demagogicamente diz que para ele é evidente que os ricos deviam pagar mais, não percebendo porque é que o governo não fala disso… Mas, infelizmente, não formula como faze-lo! É fácil falar dos assuntos mas analisa-los e dar-lhes soluções é bem mais difícil…
Sou dos que penso que “uma situação excepcional requer um esforço excepcional e dividido por todos. Sem excepção. Esse é o caminho. Indiscutivelmente.” E para que isso aconteça terá que haver muito bom senso por parte de quem legisla para se evitarem aproveitamentos políticos desnecessários e até prejudiciais!
O velho slogan “Os ricos que paguem a crise”, aquando da “revolução dos cravos” está, há muito, ultrapassado, que só nos conduziu a situações muito difíceis e que não devemos esquecer!
Deve-se exigir responsabilidade aos nossos governantes para que estes não fiquem impunes pelas atrocidades que têm cometido ou deixam que outros as cometam! É o que acontece já noutros Países onde a incúria dos governantes é castigada! Mas para isso a JUSTIÇA tem que funcionar!
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2 comentários:
Amigo Luís!
Eu desde sempre tenho tido uma certa admiração pela França, e agora com esta de os ricos darem um passo em frente, para ajudarem a combater a crise, a minha admiração subiu ainda mais. Dos países que eu conhece e a França é um deles, os ricos, ou os patrões valorizam quem trabalha.
Antes de vinte e cinco de Abril, a França recebeu quase um milhão de Imigrantes portugueses a maior parte clandestinos, que só e apenas levavam os braços para trabalhar, trataram e regularizaram, a sua situação.
Aqui na Quinta do Lago, um grande construtor que foi Ministre, trouxe carradas de pessoas de África para trabalharem alegando que nós somos malandros,muitos ficaram aqui, não tiveram dinheiro para regressar, uns são drogados outros sem abrigo.
Essa de esquerdas, e direitas radicais,é mais ou menos como as religiões, o Deus é só um, e há mil religiões diferentes, o que interessa mesmo é dividir para reinar, e há milhões de pessoas a viver à conta disso.
É este o mundo que temos, e temos que nos adaptar, para poder seguir em frente.
Estou já indo longe demais.
Fiz um comentário no pirata,
Um abraço
José.
Caríssimo Amigo José,
Eu também tenho muito apreço pelos franceses e sempre os considerei a Luz da Europa!
Estudei por livros franceses, daí esta admiração pela França.
Como bem disse os radicalismos sejam de direita sejam de esquerda são para esquecer e nada nos levam de bom! Lá diz o velho ditado: "no meio está a virtude"!
Obrigado pela visita e seu comentário que muito apreciei.
Um forte, amigo e solidário abraço.
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