Chegado do Alentejo tive conhecimento da morte deste meu Amigo. Daí esta singela homenagem que, neste momento, mostra bem o Respeito e a Amizade que por ele sentia.
Recordo que numa entrevista que me concedeu em 6-6-2000, em Algés, o Ten-Coronel José Magalhães (faleceu com este posto), sobre o sucedido com o Ten-Cor Magiollo Gouveia (segundo D. Ximenes Belo o seu fuzilamento terá ocorrido em 23-12-1975) , n.3 da hierarquia militar de Timor, afirmou:
Também, o Dr. Pasquier, da Cruz Vermelha Internacional, que vinha dormir, ao Ataúro, com o seu avião, para não estar sujeito a tiros e bombardeamentos espesporádicos, em Dili, nos manteve sempre informados.
Ele disse-nos que, durante aqueles meses, de Agosto a Dezembro, o Magiollo Gouveia foi parar ao Hospital de Díli, em estado de coma, por várias vezes. E quando os indivíduos da FRETILIN viam que ele já se deslocava, obrigavam-no a voltar para a prisão, onde continuou o seu martírio. Se em Jacarta, o Xanana tivesse passado por uma “amostra” do que sofreu Maggiolo, teria havido condenação internacional.
P: Não tiveram conhecimento do seu fuzilamento?
R: Apenas mais tarde, já em Lisboa. Soubemos que, a 7 de Dezembro, o obrigaram a deslocar-se para Aileu, com um cunhete de munições às costas. É difícil de imaginar o que Maggiolo sofreu por uma causa que, talvez, merecesse alguma compreensão.
Depois, de acordo com o que está publicado, terão ocorrido aquelas cenas trágicas, descritas na carta do Bispo de Díli, D. José: abrirem a vala; o rezar, etc. e ser fuzilado com mais 50 ou 60 detidos. Constou-se que 1º Cabo António dos Santos foi igualmente fuzilado na altura, mas não se chegou a confirmar...
Aliás, não percebo por que será que, após todos estes anos e os acontecimentos verificados mais recentemente, nem a nossa embaixadora; nem Xanana que, ao que sei, se encontrava em Aileu, na altura do fuzilamento; nem o Ramos Horta, ou o Alkatiri, Rogério Lobato, etc, esclareceram as circunstâncias exactas em que decorreu tal assassínio colectivo. Penso mesmo que há indivíduos, bem colocados nas hierarquias da FRETILIN, a quem não ficaria desajustada a classificação de “criminosos de guerra”!
Talvez, um dia, alguém tenha a coragem de clarificar o assunto.
Até lá, “palmadinhas” nas costas.
(Segundo outra fonte, Xanana Gusmão já pertencia ao comité central da FRETILIN que mandou executar os fuzilamentos)
In "Timor Abandono e Tragédia, de Morais de Silva e Manuel Bernardo, pp145 (2000)
Sem comentários:
Enviar um comentário