GENERAL
GABRIEL ESPÍRITO SANTO
A
vida num sopro … de quem é ingénito!
Morreu
esta 6ª feira à noite / 16 de Outubro, com 78 anos de
idade, o General Espírito Santo.
Partiu
um ilustre Soldado de Portugal, a Cultura Nacional perde um profícuo militar
historiador e Bragança chora o desaparecimento de um dos mais queridos filhos
da Terra.
Como
Militar destaca-se o Combatente do Ultramar (Angola e Moçambique), o representante
de Portugal na NATO, o Comandante do Exército e das Forças Armadas Portuguesas
e o Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito.
Professor
insigne, do Instituto de Altos Estudos Militares e da Universidade Católica, e
Homem de Letras, com vasta bibliografia de referência no campo da Estratégia e
da História Militar, o General Espírito Santo congrega a ancestralidade
castrense inscrita na legenda camoniana «não houve forte capitão que não fosse
também douto e ciente».
Quanto
ao Homem, uma simples palavra bem transmontana define-o: sólido!
Fica
a memória do Homem, o legado do soldado e o exemplo do patriota. Apesar destes
tempos levianamente fátuos de uma Comunidade mal calibrada, que pouco mais
consegue que uma sagração noticiosa em jeito de rodapé. Afinal, quem merece
quem?
O
General Espírito Santos marcou muitos e eu não fujo à regra, de tal forma que
não resisto a três registos pessoais sobre a sua Pessoa:
+
Teve a simples «ousadia» de aceitar prefaciar e apresentar, no IESM, o meu
livro «Restauração Portuguesa de 1640», em 2011, ele que era só o autor maior
do tema em apreço, deixando ficar plasmada a frase «O Autor, mais por uma
amizade de bragançanos que somos, do que por outras razões, pediu-me para
escrever algumas palavras de apresentação da obra …». A humildade cai sempre
bem a uma figura da sua exaltação.
+ Um dia, agarrou-me no braço, com aquele seu
jeito paternal e firme, e incluiu o meu nome como Sócio Efectivo da Revista
Militar, de foi Presidente da Direcção durante mais de uma apaixonada década.
Não é que o «título», num meio cheio de currículos muito arredado de conteúdos,
seja de «somais», mas ser sócio por essa via orgulha;
+
Já General, e durante uma conversa ocasional com este Capitão na Caixa Geral de
Depósitos de Bragança, lembro-me de repente de o ver rodopiar a cabeça na
direcção da porta, avançar alguns passos e dar, quase em jeito adolescente,
dois beijos na face de um ancião a quem tratou carinhosamente por … «paizinho»!
O
General Espírito Santo é de uma recente geração de oficiais em que a espada, a
pena e a eloquência caminhavam juntos. À boa maneira dos seus igrejos avós. Uma
geração de boa colheita, porventura a última, que brilhava como estrelas de um
firmamento que orientava, mas que se vai esgotando à medida que cada luz se
apaga, a cortina encerra e a plateia, cheia de tédio, vai esvaziando.
De
pé e em sentido presto continência e deixo a minha profunda admiração pelo
Cabo-de-Guerra e pelo cidadão Gabriel Espírito Santo, um Militar com Arte
adestrado na Arte da Guerra e um Português que o foi realmente.
Ad
glorium tute!
Abílio
Pires Lousada
17Out2014
Um adeus sentido a um Senhor e Militar!
Que a terra lhe seja leve.
Um obrigado e até um dia.
Abílio Pires Lousada
Tenente-Coronel