Gritou-se “Mama Sume” no Parlamento
01/02/2013 - 12:50 O voto de pesar votado pela morte do major-general Jaime Neves no Parlamento resultou num episódio ruidoso nas galerias. Depois de os partidos do PS, PSD e CDS terem aprovado o voto de pesar, apesar dos votos contra do PCP, BE e Verdes, um grupo na assistência – alguns deles com boinas militares – levantou-se para verbalizar o grito dos comandos, unidade que Jaime Neves chefiava durante o período da revolução e consequente "Verão Quente". O plenário foi surpreendido com o grito “Mama Sume!” que deixou a mesa da Assembleia da República (AR) sem reacção. A expressão foi adoptada pela unidade militar a partir do grito de uma tribo Banto do Sul do continente africano na cerimónia que precedia a caça ao leão. Traduzida significa “Aqui estamos prontos para o sacrifício”. Ao contrário de outros momentos, a presidente da AR não solicitou aos agentes da autoridade que evacuasse as galerias. Quem assiste às sessões do plenário não pode manifestar-se enquanto os trabalhos decorrem. E Assunção Esteves já deu no passado ordens para evacuar a assistência depois de algumas manifestações. De qualquer maneira, os cidadãos em causa, abandonaram as galerias logo após o incidente. |
Também eu lá
estava, tal como a viúva D. Delfina Neves e seu filho Dr. Filipe Neves e outros
familiares, assim como vários elementos dos “Comandos” convidados para o efeito
através da Associação de Comandos.
Confirmo
esta notícia divulgada no “Grupo Comandos” do Facebook.
Os deputados
do PSD, CDS e PS fizeram o elogio (dois minutos cada) do General Jaime Neves,
sendo a moção aprovada por estes partidos com os votos contra do PCP, Bloco de
Esquerda e Verdes.
Saliento que
o Sr. Filipe, do PCP, teve o atrevimento de aproveitar o “seu” tempo para os
“dislates do costume”, afirmando mesmo que Jaime Neves tinha pretendido a
ilegalização do PCP e que foi evitada por homens como Ramalho Eanes, Melo
Antunes e Costa Gomes.
Tal não é
verdade no que diz respeito a Jaime Neves, pois o que ele sempre afirmou foi
que os responsáveis pela sublevação armada deviam ser julgados e condenados,
pelos crimes praticados e nomeadamente pela morte de dois dos seus Homens:
Tenente Coimbra e Furriel Pires.
Assim, quando
o General Costa Gomes (na manhã do dia 26 e depois de terminada a actuação
armada) queria mandar para casa os três majores (Campos de Andrada, Mário Tomé
e Cuco Rosa), responsáveis pela sublevação do Regimento de Polícia Militar,
Jaime Neves insurgiu-se contra tal e eles foram, de facto, detidos.
O Sr. Filipe
também não referiu (por não lhe interessar…) a sublevação armada patrocinada
por Álvaro Cunhal, então líder e secretário-geral do PCP, na noite de 31 de
Julho para 1 de Agosto de 1975, no Regimento de Comandos (Amadora) e que levou
a que o seu Comandante, o então Coronel Jaime Neves fosse impedido de entrar na
Unidade, durante quatro dias. Isto não são “bocas”, como fazem alguns
políticos; tal foi julgado em tribunal militar e onde foi provado aquilo que
afirmo.
Quer isto
dizer que este acontecimento menos grave levou à condenação dos seus
intervenientes e que o mais gravoso, como o sucedido na Calçada da Ajuda, com a
morte de dois graduados dos “Comandos”, seria amnistiado por proposta de
“ilustres membros” do auto-proclamado Conselho da Revolução, não constante do
Programa do MFA.
O PCP poderá
orgulhar-se de ter lutado contra o regime autoritário de Salazar e Caetano. Mas
devia fazer a sua auto-crítica em relação ao facto de ter praticado afrontas
aos mais elementares Direitos do Homem, consagrados na Declaração Universal, de
que Portugal fora subscritor, ao promover saneamentos, prisões arbitrárias,
etc., desde 28 de Setembro de 1974 a 25 de Novembro de 1975.
Cor. Manuel
Bernardo
PS: É curioso que os jornalistas das TVs tenham dado
grande cobertura ao sucedido antes desta votação de pesar na AR e que não
tenham dito uma palavra sobre o assunto nas suas emissões de 1-2-2013.
Voto de Pesar N.º
__/XII
Pelo falecimento do Major-general Jaime Neves
Foi
com enorme consternação e pesar que a Assembleia da República tomou
conhecimento do falecimento do Major-General Jaime Neves.
Jaime
Alberto Gonçalves das Neves, nascido a 24 de março de 1936, prestou altos
serviços às Forças Armadas e ao País, ao longo da sua vida e da sua brilhante e
valorosa carreira militar, marcada pelo heroísmo, pela frontalidade e por uma
singular capacidade de decisão.
Grande
parte da sua carreira militar foi dedicada a servir a Pátria no Ultramar, onde
cumpriu diversas comissões de serviço, sempre com notável espirito de missão,
excelentes qualidades de liderança e invulgar coragem perante situações de
elevado risco, qualidades que foram publicamente reconhecidas em diversos
louvores e condecorações destacando-se a Medalha de Cruz de Guerra de 1º
Classe.
Desde
cedo, integrando os «Comandos» e contribuindo para o prestígio desta Tropa de
Elite do Exército Português, foi Comandante de «Companhias de Comandos», do
«Batalhão de Comandos Nº 11» e do «Regimento de Comandos», pautando sempre a
sua ação de comando e de liderança, pela firmeza das suas atitudes, pela forma
excecional como acompanhou e apoiou os seus homens, bem como pelos laços de
camaradagem e amizade que criou e que irão perdurar para sempre na história dos
«Comandos» e do Exército Português, como um exemplo a seguir.
Deste
percurso, digno de um verdadeiro Comandante e «Comando», assume particular
relevo a participação decisiva que teve “nas
ações militares que conduziram à restauração da democracia em Portugal e à sua
intransigente defesa, nomeadamente pela sua atuação em 16 de março de 1974, em
25 de abril de 1974 e em 25 de novembro de 1975” e na “ação importantíssima na restauração da disciplina nas Forças Armadas”,
conforme consta do alvará que conferiu, em 1995, ao então Coronel de Infantaria
«Comando» Jaime Neves o grau de Grande-Oficial com Palma da Ordem Militar da
Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a mais importante Ordem Honorífica
Portuguesa.
Apesar
do seu desaparecimento ser uma enorme perda para o País e para todos os que com
ele tiveram o privilégio de privar, Portugal jamais esquecerá este ilustre
Soldado.
Para
a história fica o exemplo de um homem bom, de um grande patriota e de um
defensor e construtor da democracia.
Nesta
hora de luto, a Assembleia da República presta sentida homenagem à sua memória
e endereça à sua família os mais sentidos votos de condolências.
Palácio
de S. Bento, 1 de Fevereiro de 2013
Os Deputados
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