Há
notícias que só leio passados dias, ou que me escapam de todo. Ontem, porém, ao
ler a edição semanal do Expresso, dei com um comentário a uma notícia do
'Correio da Manhã". Quando a fui ler no 'Correio da Manhã', reparei que
ela já tinha sido comentada por uma jornalista daquele jornal. Este é,
portanto, o terceiro comentário sobre o mesmo assunto, depois dos que foram
feitos pelos meus colegas Fernanda Cachão, do CM, e João Garcia,
diretor-adjunto do Expresso.
Porém,
considero que não é demais repetir. E espero que alguns leitores partilhem o
assunto. Algum modo há-de existir para que certas coisas não continuem. E, se
não houver modo, pelo menos os responsáveis hão-de ler por todo lado
comentários críticos que retratam a vergonha que deviam ter.
A
questão é a seguinte: Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura,
departamento que não tem dinheiro para - como se costuma dizer - mandar cantar
um cego e vai cortar 15 milhões de euros em despesas com pessoal, recrutou um
'boy' do PSD para o seu gabinete a quem vai pagar como adjunto. Ou seja,
mais de três mil euros, mais do que ganha diretor de serviços, ou, como
escreve no Expresso João Garcia, "mais que juiz, que coronel, o
dobro de professor'. Fernanda Cachão ironiza que "afinal há dinheiro"
desde que seja "money for the boys".
Mas
o melhor, o melhor mesmo, é o currículo do adjunto. Tem
24 anos, três workshops no centro de formação de Jornalistas Cenjor, fez o
estágio na Rádio Renascença, onde trabalhou oito meses e foi durante cinco
meses consultor de comunicação do...PSD! Uau!! Que rica
experiência...
Acresce
que Barreto Xavier, antes desta contratação já tinha três adjuntos, sete
técnicos especialistas, duas secretárias pessoais, chefe de gabinete, dez
técnicos administrativos, três técnicos auxiliares e três motoristas.
Falta
dinheiro (salvo para os boys) mas há excesso de descaramento.
Digamos que se há algo que não falta, é a
falta de vergonha.
Henrique Monteiro
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