"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

11/06/2014

FALTA DE VERGONHA É O QUE NÃO LHES FALTA




Há notícias que só leio passados dias, ou que me escapam de todo. Ontem, porém, ao ler a edição semanal do Expresso, dei com um comentário a uma notícia do 'Correio da Manhã". Quando a fui ler no 'Correio da Manhã', reparei que ela já tinha sido comentada por uma jornalista daquele jornal. Este é, portanto, o terceiro comentário sobre o mesmo assunto, depois dos que foram feitos pelos meus colegas Fernanda Cachão, do CM, e João Garcia, diretor-adjunto do Expresso.

Porém, considero que não é demais repetir. E espero que alguns leitores partilhem o assunto. Algum modo há-de existir para que certas coisas não continuem. E, se não houver modo, pelo menos os responsáveis hão-de ler por todo lado comentários críticos que retratam a vergonha que deviam ter.

A questão é a seguinte: Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, departamento que não tem dinheiro para - como se costuma dizer - mandar cantar um cego e vai cortar 15 milhões de euros em despesas com pessoal, recrutou um 'boy' do PSD para o seu gabinete a quem vai pagar como adjunto. Ou seja,  mais de  três mil euros, mais do que ganha diretor de serviços, ou, como escreve no Expresso João Garcia, "mais que juiz,  que coronel, o dobro de professor'. Fernanda Cachão ironiza que "afinal há dinheiro" desde que seja "money for the boys".

Mas o melhor, o melhor mesmo, é o currículo do adjunto. Tem 24 anos, três workshops no centro de formação de Jornalistas Cenjor, fez o estágio na Rádio Renascença, onde trabalhou oito meses e foi durante cinco meses consultor de comunicação do...PSD! Uau!!   Que rica experiência...

Acresce que Barreto Xavier, antes desta contratação já tinha três adjuntos, sete técnicos especialistas, duas secretárias pessoais, chefe de gabinete, dez técnicos administrativos, três técnicos auxiliares e três motoristas.

Falta dinheiro (salvo para os boys) mas há excesso de descaramento.

Digamos que se há algo que não falta, é a falta de vergonha.


Henrique Monteiro

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