Tem
importância… E muita. Porque vacilando o presidente tem logo todos os cuidados
ali à mão prontinhos para o socorrer. Mas se falássemos de quantos portugueses
vacilam todos os dias? – São milhares os portugueses que caiem desamparados no
meio do chão, sem cuidados nenhuns e muito menos sem pessoas que os apanhem nos
braços como aconteceu ao presidente. Por isso, o presidente é um felizardo e um
sortudo, porque na hora da queda estão lá mãos que o seguram, o amparam e o
tratam.
Assim
sendo, deve o presidente pensar agora nos milhares de portugueses que esperam
dias, meses e anos para se verem com a operação marcada para arrancarem a
mazela que os impossibilita de terem qualidade de vida com dignidade.
Deve
ainda mais pensar o presidente que há portugueses representados por ele que são
ainda crianças que chegam à escola com fome, alguns com piolhos e sujinhos
porque a água foi simplesmente cortada porque faltou dinheiro para pagar as
contas.
Deve
ainda pensar o presidente que a muitos reformados faltou-lhes uma porção enorme
de dinheiro para pagarem os seus remédios, por causa dos cortes, dos absurdos
impostos e outros tiveram que canalizar o que sobrou da pensão para alimentar
um, dois ou três filhos que caíram na fatalidade do desemprego, por isso, agora
sofrem mais e quiçá muitos deles já não se contam no mundo dos vivos
precisamente por causa dessas opções forçadas pelo governo do país que o
presidente representa.
Deve
ainda também pensar o presidente que muitos portugueses vacilam
desesperadamente, porque têm filhos e compromissos que não podem dar resposta e
atiram-se de andares e de pontes a abaixo sem qualquer amparo… A depressão, o
sofrimento e a morte instalaram-se em grande parte dos lares portugueses. E o
presidente tem obrigação de pensar em tudo isso...
A
vida está tão difícil para uma grande parte dos portugueses que até o
presidente vacila enquanto discurso! Será que é disto que se trata? - Há também
um mistério nos desmaios do presidente que deveriam ser esclarecidos com
verdade, para que a suspeita e a desconfiança não fosse tão grande e não
fizesse escorrer tanta tinta.
O
que mais surpreende é que temos um presidente com sorte, muita sorte. Não só
porque é logo amparado. Mas também porque no dia do país, onde deveríamos estar
a falar dos assuntos que afectam os portugueses, ficamos com episódios
acessórios que em nada fazem melhorar a vida de ninguém. O ano passado foi
aquela coisa tonta da bandeira ser hasteada ao contrário, não se falou de outra
coisa senão disso, este ano veio outro faits divers para entreter, o desmaio do
presidente. Obviamente, que ninguém tem culpa da doença que não escolhe corpo,
mas só para vermos que até nestas coisas a sorte está do lado desta gente.
Mas,
também foi deplorável a algazarra que um ensaio de manifestação se fez sentir
enquanto decorria a cerimónia. Há outros momentos. Tantos outros que podiam ser
aproveitados para se manifestarem e quem sabe se com mais eficácia. Porém, deve
fazer pensar que estamos num tempo tão difícil e tão complicado para os
portugueses, que não há vontade nenhuma nem muito menos aptidão para ouvir
ninguém. Devem os políticos reflectirem sobre estes sinais para que comecem a
dar-se ao respeito se desejam que o povo os respeitem e gostem do sistema
político que nos assiste. Senão corre sérios riscos a democracia. E isso é
grave e preocupante.
Por
fim, já é muito grave que tenha sido mais importante para a sociedade mediática
o desmaio do presidente do aquilo que foi anunciado como mensagem do dia 10 de
junho. Somos medíocres e parece não existir forma de sairmos disto.
Publicada por Padre José Luís Rodrigues
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