"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

31/08/2009

Medina Carreira aponta pistas

Transcreve-se o artigo do CM em que Medina Carreira faz uma análise independente, realista e fundamentada em números. Merece ser lida atentamente

Portugal 'à deriva'. Quem nos acode?
CM. 30 Agosto 2009. Medina Carreira

Esta democracia não resiste a esta economia. Sem resposta eficaz para o presente afundamento económico, a actual democracia acabará por ser substituída.

Vivemos, em geral, sob a ‘ditadura’ do curto prazo. Também nos domínios económico, financeiro e social, estamos circunscritos ao ‘trimestre’. O método que se usa é fácil e bem acolhido porque consente todas as interpretações e, por isso, a todos serve. Mas tem um grave efeito redutor porque os portugueses ficam sem saber como estão e para onde os levam. Têm hoje uma visão que não passa do dia seguinte.

Os consequentes custos políticos são enormes, porque se cuida sempre e só da conjuntura, omite-se as análises e as indispensáveis soluções estruturais.

Trata-se de uma prática que explica, em grande parte, o afundamento incessante do nosso País. Com ela não ocorrerá qualquer mudança, de fundo e indispensável, porque as verdadeiras soluções são sempre desconhecidas. Temos os factos a demonstrá-lo: entram e saem governos, partidos e políticos, anos sucedem-se a outros anos, mas o agravamento da economia, das finanças e do ‘social’ é uma constante.

Baseados nestas análises, meramente conjunturais e com falta de entendimento das tendências da globalização, há os que pensam num destino português sempre ‘pendurado’ em alguém (África, Índia, Brasil e União Europeia): e assim se escusam de quaisquer preocupações, embora nunca identifiquem quem e por que estará disposto a ‘carregar’ connosco, já em 2015-2020.

"O optimismo é hoje uma pura mistificação" (como bem sublinha Vasco Pulido Valente) mas, mesmo assim, ainda há ‘optimistas’ por aí! Do outro lado estão os chamados ‘pessimistas’: aqueles que tentam ver mais longe e mais fundo, defendem a dignidade do País, exigem responsabilidades e não crêem que tenhamos o direito de transformá-lo no mendigo da Europa.

Os nossos graves e visíveis desequilíbrios financeiros com inevitáveis efeitos sociais só podem ser enfrentados pela drástica redução das despesas e/ou pelo rápido crescimento da economia.
O ataque às despesas públicas é, de há muito, um completo fracasso, tentado por todos os governos. Estes saem e tudo fica pior.

Duas razões o explicam: a primeira é a quase estagnação da nossa economia (0,8% anuais, entre 2000 e 2008); a segunda é a natureza das despesas que mais pesam nas contas públicas e que são as do ‘pessoal’ e as das ‘prestações sociais’. Muito rígidas, correspondiam já a cerca de 78% da despesa primária (total menos juros), em 2008.

Quem é beneficiário destes pagamentos?

São 700 000 funcionários, cerca de 3 400 000 reformados, perto de 350 000 titulares do RSI, uns 300 000 desempregados e outros centos de milhares de subsidiados diversos, num total superior a 6 milhões de indivíduos.

Isto é: temos estes 60 a 70% de eleitores inscritos, que são militantes atentos e empenhados do ‘Partido do Estado’!

Quem vai ‘tocar-lhes’, num prazo que ainda possa ser útil?

É muito pequeno o mercado interno português e, por isso, só através das exportações e da substituição de importações poderemos registar crescimentos significativos da economia e do emprego. Ocorre que o contributo das exportações para a nossa economia tem sido muito pequeno: 32-33% do PIB, em média, desde há muitos anos.

Temos, portanto, uma decisiva prioridade: alargar, suficiente, urgente e competitivamente, o nosso tecido produtivo.

Não exportaremos muito mais desde que não produzamos competitivamente.
Porque só agora se dá, preocupadamente, por isso?
Com o escudo, disfarçámos facilmente esta nossa tradicional debilidade porque, quando se perdia, perigosamente, competitividade, desvalorizava-se a moeda e, em alguns meses, restabelecia-se um certo equilíbrio.
Agora, com o euro, nada disso é possível.

O quadro é este: competimos mal e exportamos pouco; não temos moeda própria e não podemos corrigir facilmente a situação; a economia cresce devagar, o desemprego sobe, os défices externos são dos mais altos do mundo e o endividamento é insustentável.
Numa palavra: estamos ‘encurralados’.

O panorama dos últimos dez anos é muito sombrio e, sobre ele, os partidos não se pronunciam, clara e autonomamente, não analisam com rigor os factos e não alvitram quaisquer soluções à altura das necessidades.
Não se compreende este alheamento, mas é um facto.

E, porque estamos no domínio da política, tem de perguntar-se o que tem o Estado a fazer, sendo certo que há matérias em que só ele pode e deve fazer.
Duas coisas, a meu ver:
primeiro, averiguar com cuidado por que há investidores interessados na Hungria, na Polónia, na República Checa, na Eslovénia ou na Eslováquia, e não querem vir para Portugal, havendo mesmo os que daqui se ‘deslocalizam’;
segundo, com base nessa análise, apresentar ao País uma proposta das reformas necessárias para criar vantagens comparativas nas opções respeitantes aos investimentos para as exportações/substituição de importações.

É certo haver áreas públicas relevantes e que pesam nas opções dos investidores: leis do trabalho, impostos e taxas, tribunais, especialização da mão-de-obra, burocracia, nível da corrupção, mercado do arrendamento, custos energéticos e das telecomunicações, secretismo dos PIN, benefícios atribuídos casuisticamente e sem controlo, etc.

Hoje, porém, ninguém sabe em que medida, de modo seguro, sistemático e inequívoco, se foge, cada vez mais, de investir em Portugal para se investir no Leste europeu.
Podemos todos ‘achar’ que sabemos – como é usual entre nós! – mas sem as indispensáveis certezas que fundamentem políticas eficazes.

Vale a pena recordar que o melhor período da nossa economia, no século passado, se deveu, em especial, à entrada para a EFTA e ao estatuto privilegiado contido no Anexo G. As vantagens comparativas então conseguidas atraíram para Portugal numerosas e decisivas indústrias, hoje em incontida debandada.

Em função das novas circunstâncias, impõe-se-nos agora criar vantagens comparativas, afeiçoadas às realidades internacionais presentes.
Se o eleitorado aprovasse as propostas apresentadas para o efeito, qualquer Governo teria legitimidade democrática para executá-las.
Se as rejeitasse, assumiria democraticamente a responsabilidade pelas consequências do marasmo económico, isto é, o elevado desemprego, os baixos salários, as prestações sociais exíguas, a pobreza crescente, as desigualdades, o endividamento e o temor do futuro.

Na verdade, é legítimo que um povo opte pela pobreza, desde que compreenda bem o sentido e as consequências do que vota.
Não como nos encontramos hoje: com uma caricatura de democracia, baseada no engano das gentes e na estreiteza das competências, os portugueses arrastam-se ‘às cegas’ para um desastre, que não é desejado, nem pressentido.

É que não basta aos governos realizar algumas coisas positivas, o que com todos sempre acontece: porque, se faltar ‘a’ obra essencial, tudo será em vão.

Há momentos históricos dependentes, decisivamente, de um só ‘pormenor’

O Estado Novo naufragou por falta de solução para as guerras coloniais; sem resposta eficaz para o presente afundamento económico, a actual democracia mergulhará o nosso País numa confusão financeira e social, de efeitos dificilmente previsíveis, e acabará por ser substituída. Provavelmente, entre 2015 e 2020.

As eleições que estão à vista serão decisivas, neste contexto de acelerada decadência: o ataque frontal às fragilidades da economia é hoje ‘o’ verdadeiro problema de Portugal, o que importa relevar vivamente.
Porque, se não houver uma proposta política que o contemple, nem a identificação prévia da gente, competente e séria, que irá concretizá-la, não teremos cura que chegue para a questão económica.

Mostram-se o PS e o PSD à altura destas necessidades prementes do País?

Se forem o mesmo PS, que leva agora onze em catorze anos de Governo, e o mesmo PSD, que soma três, as minhas preocupações atingirão o grau do ‘pavor’.

Pede-se-lhes, por isso, três coisas apenas:
primeira, um pequeno programa, claro e curto, e não, como usualmente, uma ‘apólice’ de seguro para enganar os eleitores, que contemple só as medidas indispensáveis para atingir os objectivos económicos enunciados;
segundo, a indicação dos nomes previstos para as Finanças, a Economia, a Justiça, a Educação e a Segurança Social, garantes da sua execução, já que os ‘partidos’, em si mesmos, não gozam da confiança da maioria dos portugueses; e,
terceiro, que restaurem a ética na política.

Só assim me parece que haverá condições para iniciar um processo de reconstrução, porque legitimado pelo voto esclarecido e responsável de uma maioria.
Qualquer maioria?
Absoluta de um partido, não: os estragos irreparáveis já produzidos em Portugal, nestes quatro anos, dos quais Sócrates nem sequer tem consciência, constituem uma duríssima e inesquecível lição.
Maioria relativa, sim, se apoiada no tal programa, em tais personalidades e em nome de valores éticos.

O que verdadeiramente espero?

Que o PS e o PSD se compenetrem de que vivemos num tempo histórico, muito arriscado, incerto e ameaçador: se falharem, mais uma vez em quase duas décadas, acabará por ser varrida a partidocracia que ergueram e comandam em Portugal.

Medina Carreira, Ex-ministro das Finanças

27/08/2009

Eleições. Mais fácil optar

Depois de os partidos recusarem a ética que desaconselha a candidatura de pessoas sob o peso de suspeitas, com um deles a incluir na lista de futuros deputados dois indivíduos arguidos em processos jurídicos, surgiram na comunicação social elementos bem colocados na hierarquia do partido a defender a ética, segundo o ditado antigo «à mulher de César não basta ser séria», pois além de o ser precisa de parecer (Ver aqui e aqui).

Estas posições assentam na convicção geral de que não se deve passar procuração ou delegação de poderes a pessoas pouco ou nada sérias. A ética, apesar da degradação dos hábitos e costumes, não deve nem pode ser esquecida quando escolhemos os nossos representantes para a gestão dos assuntos nacionais com vista a objectivos de longo prazo e à defesa intransigente dos interesses colectivos de Portugal, dos portugueses.

Nos EUA Sonia Sotomayor, só foi nomeada para o Supremo Tribunal depois de todo o seu currículo ser escalpelizado pelo Senado (ver aqui e aqui). O prestígio e a imagem de uma Instituição depende dos seus servidores, bastando uma mancha na vida de um para desprestigiar o conjunto. E, no caso português, os líderes sabem que isso não depende de leis mas apenas de seriedade e sensatez, nos critérios de escolha, pois eles escolhem por tantos critérios pessoais, de amizade, compadrio, favores, conivência, que não deviam desprezar os da competência e da ética.

Mas se, sobre isso, ainda havia quem tivesse dúvidas e quisesse usar de complacência para com os políticos mais tolerantes, agora, deixa de ter dúvidas porque as coisas ficaram mais claras. Ao contrário daquilo que Jorge Sampaio disse durante uma visita ao Sátão e daquilo que Cavaco Silva tem repetido quanto à necessidade de combater a anti-política e de dignificar os políticos, agora, Paulo Rangel (ver aqui e aqui) afirmou e repetiu de forma muito clara, em Castelo de Vide, (Universidade de Verão) que a política nada tem a ver com a ética, nem vice-versa, segundo Nicolao Maquiavel. Ficámos sem dúvidas!!!

Perante isto, quem seja honrado e preze os valores éticos, quem recuse passar carta com todos os poderes a delegados e representantes de pouca ou nenhuma confiança, deve entregar o VOTO EM BRANCO ou VOTO NULO. Não podemos esperar nada de bom de políticos que tão frontal e maquiavelicamente, desprezam a ética.

Já não há razões para nos espantarmos de haver corrupção, enriquecimento ilícito, troca de favores, tráfico de influências, lavagem de dinheiro através do financiamento dos partidos (lei aprovada por unanimidade na AR e, felizmente, vetada pelo PR), etc.

Gente honrada, de bons costumes, que preza a ética, não deve dar o seu aval, através do voto, a candidatos que confessam despudoradamente estar de acordo que a política nada tem a ver com a ética.

Será bom para Portugal que cada eleitor vote de pleno acordo com as suas mais íntimas convicções e não para fazer favor a um amigo ou vizinho, pagar um favor, ou seguir uma decisão antiga que, nessa data, poderia ter sido a mais correcta. Devemos actualizar as nossas reflexões, com os dados que formos colhendo. É mais fácil acertar no euro milhões do que um político maquiavélico que despreza a ética, fazer um bom governo para grandeza de Portugal.

23/08/2009

A marcha mundial: uma proposta humanista

A Marcha Mundial pela Paz e pela Não-Violência terá início em Portugal a 1 de Novembro em Valença e a 10 de Novembro em Évora, para chegarem a Lisboa a 12 de Novembro.
Gostaria de um mundo com paz e sem violência? então diga-o, junte-se a esta marcha.


A Marcha Mundial pela Paz e pela Não-violência foi lançada durante o Simpósio do Centro Mundial de Estudos Humanistas no Parque de Estudo e Reflexão Punta de Vacas (Argentina), em 15 de Novembro de 2008.

Esta Marcha pretende criar consciência frente à perigosa situação mundial que atravessamos, marcada pela grande probabilidade de conflito nuclear, pelo armamentismo e pela violenta ocupação militar de territórios.


Esta é uma proposta de mobilização social sem precedentes, impulsionada pelo Movimento Humanista através de um de seus organismos, o Mundo sem Guerras.

A proposta inicial se desenvolveu muito rapidamente. Em poucos meses, a Marcha Mundial já suscitou a adesão de milhares de pessoas, agrupações pacifistas e não-violentas, diversas instituições, personalidades do mundo da ciência, da cultura e da política, sensíveis à urgência do momento. Também inspirou uma grande diversidade de iniciativas em mais de 100 países, configurando um fenômeno humano em veloz crescimento (www.theworldmarch.org).

Leia mais, informe-se aqui, increva-se _aqui

Nota: Gostaria de agradecer à amiga Manuela Araújo do Blogue Sustentabilidade não é Palavra é Acção pelo envio de toda a informação.
Fernanda Ferreira

NOTA: Este post é baseado numa transcrição do publicado em Sempre Jovens, com o consentimento da sua autora.

Uma iniciativa deste género deve ser apoiada, independentemente de quem a tenha originado. O mundo tem se tornado demasiado violento e não devemos poupar esforços para apoiar as soluções pacíficas dos desentendimentos entre pessoas e Estados, através do diálogo, de conversações e de soluções negociadas.

Desta forma poupam-se vidas humanas, património histórico, cultural, económico e financeiro e evitam-se ódios e rancores, construindo em seu lugar a confiança e a cooperação para um mundo mais feliz. O Do Miradouro apresenta muitos artigos em que este desiderato, esta esperança, estão bem expressos.

Quando a arma nuclear estava na posse de duas grandes potências e outras menos activas, chegaram a um acordo tácito de que o seu uso seria evitado, porque tinham consciência da grande gravidade da sua utilização. Mas hoje ela está ao alcance de grupos menos conscientes e responsáveis, o que representa uma grave ameaça para a sobrevivência das espécies à superfície da Terra.

Há, por isso, que lutar de todas as formas contra a indústria militar e contra as guerras que nada trazem de positivo a não ser para os industriais de tais armamentos e equipamentos de morte.

20/08/2009

Processo de Nulidade da Licenciatura de Sócrates


José Maria Martins

http://josemariamartins.blogspot.com/2009/07/accao-de-nulidade-da-licenciatura-de.html

Blogue do Advogado José Maria Martins

Segunda-feira, Julho 13, 2009

Acção de Nulidade da Licenciatura de José Sócrates

Como todos sabem fui eu que entreguei uma queixa-crime para se averiguar da veracidade ou falsidade da licenciatura de José Sócrates, depois da investigação do Prof. António Caldeira, do blogue do http://www.doportugalprofundo.blogspot.com/.

Apesar de o Ministério Público ter arquivado o processo, com argumentos que não nos convencem, decidi intentar acção judicial de nulidade da licenciatura de José Sócrates.

Entendo que não é verdadeira,nem válida, face a todos os elementos disponíveis.

Desde logo a Universidade Independente não possuía o órgão legalmente estabelecido para aprovar as equivalências, pelo que o processo está viciado. Para além de vários outros dados que não posso aqui revelar.

Depois, não se pode dar equivalência a cadeiras que ainda não estavam feitas.

Por fim, a UNI não reunia os requisitos legais necessários.

Assim, logo que o Tribunal de Instrução Criminal me entregue a certidão que já pedi - na semana passada - será intentada a competente acção de nulidade da licenciatura em engenharia civil do actual Primeiro Ministro.

Os portugueses necessitam de saber toda a verdade! Nisto e noutros assuntos...






Segurança dos cidadãos inexistente

Embora não sendo novidade, convém não deixar no esquecimento a notícia de hoje tornando público que «Quatro carros da GNR abalroados por fugitivos». Fica o link para quem estiver interessado nos pormenores.

Recentemente tinha aparecido outra dizendo que «O agente está sempre entre a espada e a parede», o que está relacionado com a que nos diz que «Polícias agredidos obrigados a pagar custas» do tribunal em que os agressores não pagaram por não terem disponibilidade financeira! E esta outra mostra que o bom senso, dentro da desorganização vigente no País, avisa que «Pedir indemnização não é aconselhável».

Isto são apenas notícias que qualquer pode ler nos jornais, mas que merecem reflexão e, desta surgem dúvidas perturbadoras como: Portugal estará a «evoluir» para a solução prevista por muitos portugueses: Começam por agredir as forças de segurança e em breve os alvos serão os governantes, os juízes, os ex-governantes que enriqueceram velozmente? Efectivamente, deixou de haver segurança pública, deixou de haver respeito pela liberdade de cada um , e chegou ao ponto de não se respeitar a própria autoridade. Esta já está no rol das vítimas mas o Governo continua a proteger os criminosos e a esquecer as vítimas… até que passe a fazer parte do largo rol destas.

«Que dizem o PM, o MAI e o MJ?»

18/08/2009

O Real Papel do Designer Projectista

Esse vídeo ilustra de maneira indirecta (ou bem directa talvez), o papel de um projectista ou de um engenheiro na comunidade: desenvolver meios facilitadores para a comunidade onde vive. Por mais simples que pareça esse projecto, ele atende a várias exigências de um desenvolvimento bem feito: valor prático, valor agregado, ergonomia, estética, entre outros.

RECADO A LISBOA

17/08/2009

Férias e pedido de desculpas


Fui para férias para o meu pequeno "paraíso" no Alentejo. Esperava poder ter Internet para poder continuar a estar convosco neste blog mas tal acabou por não acontecer por razões totalmente alheias à minha vontade. Portanto as minhas desculpas e aproveitando a minha vinda à capital eis-me a tentar explicar a minha ausência que por alguns amigos foi interpretada por motivo de doença, o que felizmente não foi o caso, ainda que tenha sido mordido "à má fila" por uma gata da vizinha que me levou a ter que ir ao hospital com uma infecção na perna direita. "Azar dos Távoras" que não esperava ter tido! Mas felizmente tudo acabou em bem... Prometo na "reentrada ao serviço" poder apresentar alguns textos da minha autoria a mostrar-lhes como se vive por estas bandas. Não é só no Minho nem nas Beiras que podemos gozar bons momentos, boa comida bons queijos e bons vinhos... Por cá também há tudo isso pelo que tentarei recolher dados nesse sentido e dar-lhes a conhecer também as suas belezas naturais!

Estou a tentar criar um grupo local para dar execução à nossa acção de "Limpar Portugal" aproveitando as minhas férias por aqui!

Até breve e um abraço de muita amizade

14/08/2009

Ideologias estão em que gaveta???

Transcreve-se este pequeno texto do Diário de Notícias, juntando uma nota final.

Fim da crise? Ça dépend!
DN. 090814. Por Ferreira Fernandes

O crescimento foi de 0,3%. Fui ouvir o Governo. Este garantiu que, depois de um ano de recessão, o país "saiu, enfim, da crise." Suspirei de alívio mas, prudente, fui ouvir a Oposição. Esta desmentiu a euforia: "Os 0,3% de crescimento não devem iludir-nos, a crise continua profunda e durável." Sempre pessimistas, estes socialistas... Aqui, soprou-me um leitor: "Desculpe, não quer dizer socialistas, pois não? Os socialistas estão no Governo, não na Oposição." Oh, peço desculpa pela confusão: eu não falava de Portugal!

Os 0,3% a que me referia eram os números de França. Quem anunciou, ontem, o fim da crise foi a ministra da Economia Christine Lagarde (do UMP, partido que corresponde ao nosso PSD); e quem foi pessimista foi Michel Sapin, do PS francês, na Oposição.

Em Portugal, com os mesmos 0,3% de crescimento, as opiniões foram as mesmas, invertendo o que há para inverter. Moral da história: um socialista francês é um PSD português, quando ambos na Oposição; e, quando no Governo, um socialista português é um PSD francês. Então, saímos ou não da crise? Depende. Ou ça dépend.

NOTA: Esta confusão enfatiza muitas dúvidas latentes e sem resposta. Onde estão as ideologias? Onde está a verdade? E o sentido de Estado? E os interesses nacionais? E as medidas que a população espera e merece?

Quando se trata de grandes interesses nacionais, os partidos esmeram-se a mostrar a diferença ‘fictícia’ e ‘forjada’ para iludir o povo mas, ao aprovar a lei do financiamento dos partidos estiveram todos unidos, tal como nas candidaturas de indivíduos sob suspeita e arguidos. Não podemos ter confiança em nenhum deles. Não merecem o nosso voto. Apoiado Rui Zinc pelo movimento que está a impulsionar.

11/08/2009

Os Militares e a Democracia

Por Marcos Perestrello em Expresso 090810

Completo este mês 38 anos. Pertenço às primeiras gerações que, de forma generalizada, não prestaram serviço militar. Já apurado na inspecção e com incorporação marcada na Base Aérea da Ota para meados de Junho de 94, recebi um postal que me mandava ficar na reserva. A mesma notificação foi recebida por todos os que naquela data se deveriam apresentar.

Anos mais tarde, tive o privilégio de fazer o curso de Auditor, no Instituto de Defesa Nacional, o que me permitiu conhecer com mais profundidade as questões militares e compreender melhor a importância das Forças Armadas.

Quando, em 1999, por razões profissionais, conheci de perto muitos militares, tive a oportunidade de confirmar que a grande maioria deles exerce as suas funções de acordo com princípios de honradez, patriotismo, lealdade e profissionalismo.

Os que, como eu, estão à beira dos 40 anos vivem num país integrado no espaço europeu, onde apenas conheceram a paz. Somos uns privilegiados face às gerações que nos antecederam. Só de forma indirecta convivemos com a guerra, por via de pais, tios ou avós que combateram em África.

Não é este o momento para discutir aqui as vantagens e inconvenientes da existência do Serviço Militar Obrigatório. Preocupa-me, no entanto, o afastamento progressivo e o desconhecimento da generalidade das novas gerações face à realidade militar.

As missões internacionais, que as Forças Armadas Portuguesas têm desempenhado com elevado brio, demonstram a importância da instituição militar na Defesa Nacional e na afirmação do país, pois permitem que Portugal participe activamente nos cenários geoestratégicos em que está inserido.

Mas, antes disso, não podemos esquecer que os portugueses devem aos militares a Revolução do 25 de Abril. Sem derramamento de sangue, os "capitães" derrubaram a ditadura e, em pouco tempo, devolveram o poder aos civis, voltando aos quartéis com a única recompensa de terem a consciência tranquila por haverem cumprido o seu dever para com Portugal.

Os militares fizeram a revolução fundadora do regime, mas não quiseram receber qualquer privilégio institucional ou corporativo. Muitos deles até foram pessoalmente prejudicados.
Pelo que fizeram, pelo que são e representam, são credores do respeito e reconhecimento do país e do poder político civil, que o representa. Acresce que a carreira militar é permanentemente sujeita a formação e avaliação e obedece a regras exigentes, onde a progressão depende do mérito, competência e experiência.

A democracia tem, por isso, que ser capaz de atribuir aos militares um estatuto profissional que esteja à altura da sua dignidade e do seu papel, que não é inferior ao de outros corpos do Estado.

A urgência desta atribuição e deste reconhecimento é grande. O Portugal democrático deve aos seus militares uma justiça que é também uma reparação por esquecimentos inaceitáveis.

Marcos Perestrello

NOTA: Uma instituição, quando onerosa, ou é considerada necessária ou não é merecedora de consideração e deve ser eliminada. Quanto às Forças Armadas os políticos portugueses andam indecisos na decisão a tomar. Como grande parte foram desertores outros têm medo de outro 25 de Abril mais eficaz, e outros são gays, portanto todos com impossibilidade de compreender as regras a que Marcos Perestrello se refere no texto, a situação continua numa ambiguidade perfeitamente ambígua.

Mas já não é de agora. Em 1982, sendo MDN um elemento do CDS, o CEMFA, general Lemos Ferreira procurava contribuir para a aprendizagem dos responsáveis pela Defesa deixando diariamente em cima da secretária do Ministro um «comprimido» de esclarecimento e, um dia, esse elemento informativo era um recorte de jornal em que era noticiada a aquisição pela Espanha de uma esquadra de aviões de caça modernos. Nele vinha pela sua letra: «Sr. Ministro, por este andar qualquer dia Portugal tem de contratar com o País vizinho para ele se responsabilizar pela nossa Defesa Aérea!»

O tempo decorreu e já contratámos com a Espanha o local de nascimento dos alentejanos, a maternidade de Badajoz.

Hoje, vem no DN a notícia «Portugal assina contrato com empresa espanhola» para a nossa defesa costeira, o que coincide com as previsões preocupadas de Lemos Ferreira, mas é mais um passo na rota da construção do Iberismo, coerente com as teses defendido pelo ministro Mário Lino quando se confessou iberista durante uma visita oficial a Madrid. Se eles ganham as próximas eleições, será certamente concretizado o acordo final, contra a vontade de Afonso Henriques, de D. João I, de D. Nuno Álvares Pereira, de D. João IV, etc.

Para onde estão a levar Portugal???

10/08/2009

Política, comédia ou palhaçada

Depois dos posts Chamem o ‘Guinness’, Mais infantilidades ou meras incoerências? e Super-gajo modelo nacional, surge agora este texto no JN que nos ajuda a pensar na forma como está a ser construída a cúpula do poder que pretende governar Portugal, condicionar o destino dos portugueses. Será bom que estes meditem bem na responsabilidade que têm de votar nos seus carrascos, e reparem que não é por acaso que surgem apelos ao voto em branco e, agora, o partido do voto nulo que ataca a abstenção. Não se deve dar o voto a quem não considerarmos merecedor, E há, na actual situação, alguém que o mereça?

Os comediantes
JN. 090810. Por Mário Crespo

Ao pedir a um cunhado médico que lhe engessasse o braço antes de uma prova judicial de caligrafia que o poderia incriminar, António Preto mostrou ter um nervo raro. Com este impressionante número, Preto definiu-se como homem e como político. Ao tentar impô-lo ao país como parlamentar da República, Manuela Ferreira Leite define-se como política e como cidadã. Mesmo numa época de grande ridículo e roubalheira, Preto distinguiu-se pelo arrojo e criatividade. Só pode ter sido por isso que Manuela Ferreira Leite não resistiu a incluir um derradeiro arguido na sua lista de favoritos para abrilhantar um elenco parlamentar que, agora sim, promete momentos de arrebatadora jovialidade em São Bento.

À tribunícia narrativa de costumes de Pacheco Pereira e à estonteante fleuma de João de Deus Pinheiro, vai juntar-se António Preto com o seu engenho e arte capazes de frustrar o mais justiceiro dos investigadores. Se alguma vez chegar a ser intimado a sentar-se no banco dos réus, já o estou a ver a ir ter com o seu habitual fornecedor de imobilizadores clínicos para o convencer a fazer-lhe um paralisador sacro-escrotal que o impeça de se sentar onde quer que seja, tribunal ou bancada parlamentar.

Se o convocarem para prestar declarações, logo aparecerá com um imobilizador maxilo-masséter-digástrico que o remeterá ao mais profundo mutismo, contemplando impávido com os olhos divertidos de profundo humorista os esforços inglórios do poder judicial para o apanhar, enquanto sorve, por uma palhinha apertada nos lábios, batidos nutritivos com a segurança dos imunes impunes.

Em dramatismo, o braço engessado de Preto destrona os cornos de Pinho. Com esta escolha, Manuela Ferreira Leite veio lembrar-nos que também há no PSD comediantes de grande calibre capazes de tornar a monotonia legislativa no arraial caleidoscópico de animação que está a fazer do Canal Parlamento um conteúdo prime em qualquer pacote de Cabo.

Que são os invulgares familiares de José Sócrates, o seu estranho tio ou o seu temível primo que aprende golpes de mão fatais na China, quando comparados com um transformista que ilude com tanta facilidade a perícia judiciária? António Preto é mesmo melhor que Vale e Azevedo em recursos dilatórios e excede todos os outros arguidos da nossa praça com as suas qualidades naturais para o burlesco melodramático.

Entre arguidos, António Preto é um primo inter pares. Ao fazer tão arrojada escolha para o elenco político que propõe ao país como solução para a nossa crise de valores, Manuela Ferreira Leite só pode querer corrigir a percepção que o eleitorado possa ter de que ela é uma cinzentona sem espírito de humor e que o seu grupo parlamentar vai ser o nacional bocejo.

A líder social-democrata respondeu às marcantes investidas de Pinho com as inimitáveis braçadas de Preto. Arguidos na vida política há muitos, mas como António Preto há só um. Quem o tem, tão fresco e irreverente como na primeira investigação judicial, é Manuela Ferreira Leite e o seu PSD. Karl Marx, na introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, escreve que "a fase final na história de um sistema político é a comédia". Com estas listas do PSD e com a inspiração guionística de António Preto, Ferreira Leite está a escrever o último acto.

08/08/2009

Planeamentos irreais

Gostaria de ter razões para ser optimista e ter esperança acerca do futuro de Portugal. Esforço-me por isso, mas, a par de uns poucos exemplos positivos, sou alagado sucessivamente por baldes de água fria que quase me deixam sem respiração.

Hoje vem a público a notícia de que há um grande «Fracasso na venda de equipamento» militar e ela aparece noutro jornal com o título «Vendas na Defesa só rendem 13 milhões» tendo o planeamento previsto 90 milhões.

Portanto apenas houve uma eficiência de pouco mais que 14% na concretização do planeado, o que representa nulidade dos planeadores, pois seria aceitável que, ao contrário, a eficiência fosse de 85 por cento e a falha de 15 por sento, o que já é muito, mas uma eficiência de apenas 14 por cento é um escândalo, embora se reconheça que o mercado não é tão previsível como o material.

Mas curiosamente, o plano referia-se a material e este não estava em condições correspondentes aos números constantes no plano. Por exemplo, estava previsto vender por 15 milhões de euros 10 aeronaves [C212 Aviocar] que estão há bastante tempo na situação de inibidas de voo, encontrando-se, regra geral, incompletas e, algumas delas, sem os respectivos motores, sendo somente possível a sua alienação como sucata ou para fins museológicos".

São casos como este que levam Luís Campos Ferreira a afirmar que "esse orçamento é exemplo do que este Governo tem feito nas mais diversas áreas: um enorme abismo entre as previsões e a realidade. O que este Governo tem feito são exercícios de ilusionismo".