Editorial Jornal de Negócios
É um acordar violento. Uma sova de 19 murros no estômago, tantos quantas as medidas apresentadas ontem. Os políticos falharam-nos. O Governo errou. Sócrates mentiu. Mas ontem isso acabou. Agora nós.
Nós. Nós não temos crédito nem temos credibilidade. É criminoso ter esperado tanto tempo para assumir o problema. Porque agora a cura é mais dura. É um corte profundo, a sangue frio.
Portugal vai iniciar um novo ciclo recessivo. Economia em queda, falências, desemprego, tudo o que esconjurámos. Os aumentos do IVA, os limites das deduções fiscais, os congelamentos das pensões transferem a crise dos desempregados para os empregados. Mas não havia alternativa. Não hoje. Não depois de dois anos perdidos sem fazer contas e a fazer de conta, para ganhar umas eleições e não cair noutras.
Ontem, Sócrates não caiu em si. Ontem, Sócrates caiu de si. Da sua pose impossível, que em vez de inspirar um optimismo reprodutivo transmitiu um irrealismo consumista. Este não é o Orçamento de Sócrates, é o Orçamento de Teixeira dos Santos. Foi o ministro das Finanças quem ontem governou. E só temos a desejar que continue a sê-lo. Porque este pacote acalma os mercados, mas não os faz retroceder de supetão. É preciso que o Parlamento aprove estas medidas, que o PSD obviamente viabilizará, com mais ou menos negociação. E é preciso concretizar as medidas e obter resultados.
Este ano estamos safos. A Portugal Telecom não paga um cêntimo de impostos pelo fabuloso lucro da Vivo, mas paga 750 milhões de euros para tapar o seu fundo de pensões e transferi-lo para o Estado, salvando o défice de 2010. A receita extraordinária de outros tempos, que funciona como antecipação de receitas. O Governo tentara com a banca, mas sem sucesso. Conseguiu com a PT.
É talvez falta de imaginação: receitas extraordinárias de um lado, aumento de IVA do outro. Mas há também o que nunca houve: a redução média de 5% da massa salarial na Função Pública. É quase como perder o subsídio de Natal a partir do próximo ano, mas em prestações mensais. Os funcionários públicos foram sacrificados por causa da incompetência acumulada e consecutiva dos seus gestores, sempre de cima para baixo. Mas só havia outra alternativa: cortar nas pensões. Era pior.
Nos próximos dias, milhares de economistas, comentadores e políticos desfilarão a glória de terem dito que assim seria: eis o Armagedão. Sim, foram milhares. E isso de nada serviu. Hoje somos um país falido. Mas não somos um país falhado. Porque apesar de tanta incompetência governativa, de tanta corrupção, nepotismo, grupos de interesse, de tantos escândalos silenciados, organizações subsidiadas, estranhos financiamentos partidários, mordomias e regalias, ineficiências e má gestão, temos outras coisas de que nos orgulhar. Sobretudo as que não dependem do Estado. Casos de inovação, exportação, investimento, descoberta.
Sim, é um acordar violento. Isto não é o princípio de um pesadelo, é o fim de um sonho. Sem pradarias nem trevas, apenas os pés no chão. O que fazer? Dizia ontem o ministro das Finanças: "estamos todos juntos nisto." Nestas alturas, somos sempre todos iguais. Eles contam connosco. E nós não contamos com mais ninguém.
Mãos à obra. Eles não fizeram o seu trabalho. Façamos nós o nosso. Restamo-nos. Bastemo-nos.
Pedro Santos Guerreiro - psg@negocios.pt
13 comentários:
Querido amigo Luís!
Bem vindo! Que bom sabê-lo de volta e sorridente como sempre, um bom amigo, incapaz de magoar outro.
Caíu tudo amigo, e caímos todos na maior desgraceira possível!
Vá ver o poema e sobretudo a imagem do amigo José, aqui:
http://reflexoeseoutrasdivagacoes.blogspot.com/
Por mais triste que seja esta situação, fez-me rir :)))
Amigo, passe lá no Rau, tenho amigos no fim de semana.
Beijos
Ná
E o último que apague a luz (se entretanto não tiver sido cortada por falta de pagamento). Abraço!
Minha Querida Amiga NÁ,
Obrigado pelo seu simpático comentário e pela dica que me deu. Adorei a sátira e tão verdadeira que ela é!
Vou continuar a minha "ronda" aos blogues amigos agora que regressei!
Um beijinho muito amigo.
Meu Bom Amigo Rafeiro muito perfumado,
Tenho impressão que já não é preciso apagar a luz pois a conta não foi paga já há muito tempo e por está cortada...
Um abraço amigo e solidário.
Caro amigo Luís!
Obrigado pela visita, seja bem vindo
de novo ao nosso convívio. Neste mundo virtual, ainda a gente se vai divertindo com algumas brincadeiras que se vê por ai, porque na vida real
isto já não tem emenda, o tempo vai passando e tudo vai piorando.
um grande abraço,
José.
Meu querido amigo Luis
Pois é! Só pode estar surpreendido quem acreditava qua as fadas eram reais...
Qum ouvia, por exemplo, o Dr. Medina Carreira, sabia que a queda estava iminente.
E temos que continuar a aguentar esses criminosos. Sim, porque agora eles que saiam (ou nos façam sair) da camisa de onze varas em que nos meteram. É bom que não estejam à espera de que vão para lá outros tentar limpar a sujeira que fizeram.
Mereciam era ser linchados. Os dias que nos esperam não vão ser nada fáceis. Quem ainda pode apertar o cinto... aperta mais um bocado. Mas, e quem já está sem furos no cinto? Vai viver do ar? Ou da caridade alheia?
Desculpe este desabafo tão longo e... algo desabrido. Eu até sou uma pessoa muito calma, mas tenho nove netos, e temo pelo seu futuro.
Um bom fim de semana. Beijinhos
Querido amigo Luis.
Ainda que me repita, já que nunca deixei de o visitar mesmo na sua ausência,é muito bom tê-lo de volta e sentir a sua amizade tão sincera.
Pois é meu amigo, atravessamos uma grave crise económica e pior é a crise de valores e de integridade de carácter daqueles que nos governam. Um descalabro! E nós cá vamos sobrevivendo, transformados em meras marionetes, nas mãos desta cambada de incompetentes...
Até quando???
Deixo-lhe um beijinho muito amigo.
Grata pelas suas amigas palavras, meu querido e bom amigo. É sempre um prazer recebê-lo no meu cantinho.
Janita
Querido amigo Luís!
Acabei de o ver lá por casa...adorei!
Pode vir amanhã ao magusto :)))
Haverá bacalhau recheado com presunto, assado em cama de cebolas e alho, com batatinhas bem doiradinhas.
Ainda haverá uma entrada de mexilhão com molho verde e sumo de limão.
Como o forno está quente, vão para lá as castanhas a assar na telha romana. Ficam de comer e chorar por mais.
Adoro-as barradas com uma pitadinha de manteiga.
Há figos que eu própria sequei, estão uma delícia, já os provei.
Ah! Claro que há uma boa pinga! Sempre há nesta casa :))))
Amigo, que bom senti-lo comigo e alegre!
Bem haja!
Beijo ternurento
Ná
Olá Luis, espero que esteja tudo bem contigo, pois senti mesmo sua falta. Não consigo visitar mais os blogueiros, acabo somente respondendo, mas tenho alguns no coração e você é um deles. Um grande abraço e um domingo iluminado
Boa noite Luís,
depois de tanta asneira só podia acontecer o inevitavel. Agora resta-nos esperar que o nosso sacrifício não seja em vão e que os nossos dinheiros não continuem a pagar almoços, passeatas e toda a especie de mordomias.
Beijinhos,
Ana Martins
A Todo(a)s Querido(a)s Amigo(a)s sem excepção vos respondo agradecendo as Vossas palavras de incentivo e amizade neste momento difícil em que nos meteram estes "fala-baratos de meia-tigela" que entram pobres e saiem ricos nesta miserável política em que vivemos. Também tenho netos e até bisneto e não sei como eles irão pagar todos estes gastos sem nexo que todos os dias fazem despudoramente!
Desculpem-me o agradecimento global mas a falta de tempo ainda por cá existe... coma esta mudança que não mais acaba...ahahahahaha, mas é verdade!
Bem hajam e muitos beijinhos amigos
Amigo Luís,
O tempo não tem dado para visitas mas vale mais tarde do que nunca!!!
Este tema tem sido muito focado no Do Miradouro, onde podes ver o recente post Orçamento ou gestão competente?.
Aproximam-se tempos muito difíceis, mas os parasitas do sistema não deixam de sacar o máximo que puderem. O povo é sempre o mexilhão do dito popular.
Um abraço
João
Só imagens
Caro João,
Tenho seguido o que se está a passar quer nos jornais quer nos blogues. É uma autêntica desgraça!
Um abraço amigo.
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