"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

01/04/2011

Outra perspectiva da "GERAÇÃO À RASCA"!

A geração dos meus pais não foi uma geração à rasca. Foi uma geração com capacidade para se desenrascar. Numa terriola do Minho as condições de vida não eram as melhores. Mas o meu pai António não ficou de braços cruzados à espera do Estado ou de quem quer que fosse para se desenrascar. Veio para Lisboa, aos 14 anos, onde um seu irmão, um pouco mais velho, o Artur, já se encontrava. Mais tarde veio o Joaquim, o irmão mais novo. Apenas sabendo tratar da terra e do pastoreio, perdidos na grande e desconhecida Lisboa, lançaram-se à vida. Porque recusaram ser uma geração à rasca fizeram uma coisa muito simples. Foram trabalhar. Não havia condições para fazerem o que sabiam e gostavam. Não ficaram à espera. Foram taberneiros. Foram carvoeiros. Fizeram milhares de bolas de carvão e serviram milhares de copos de vinho ao balcão. Foram simples empregados de tasca. Mas pouparam. E quando surgiu a oportunidade estabeleceram-se como comerciantes no ramo. Cada um à sua maneira foram-se desenrascando. Porque sempre assumiram as suas vidas pelas suas próprias mãos. Porque sempre acreditaram neles próprios. E nós, eu e os meus primos, nunca passámos por necessidades básicas. Nós, eu e os meus primos, sempre tivémos a possibilidade de acesso ao ensino e à formação como ferramentas para o futuro. Uns aproveitaram melhor, outros nem tanto, mas todos tiveram as condições que necessitaram. E é este o exemplo de vida que, ainda hoje, com 60 anos, me norteia e me conduz. Salvaguardadas as diferenças dos tempos mantenho este espírito. Não preciso das ajudas do Estado. Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se. Não preciso das ajudas da família que também têm as suas próprias vidas. Não preciso das ajudas dos vizinhos e amigos. Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se. Preciso de mim. Só de mim. E, por isso, não sou, nunca fui, de qualquer geração à rasca. Porque me desenrasco. Porque sempre me desenrasquei. O mal desta auto-intitulada geração à rasca é a incapacidade que revelam. Habituados, mal habituados, a terem tudo de mão beijada. Habituados, mal habituados, a não precisarem de lutar por nada porque tudo lhes foi sendo oferecido. Habituados, mal habituados, a pensarem que lhes bastaria um canudo de um qualquer curso dito superior para terem garantida a eterna e fácil prosperidade. Sentem-se desiludidos. E a culpa desta desilusão é dos "papás" que os convenceram que a vida é um mar de rosas. Mas não é. É altura de aprenderem a ser humildes. É altura de fazerem opções. Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não encontram emprego "digno". Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não conseguem ganhar o dinheiro que possa sustentar, de imediato, a vida que os acostumaram a pensar ser facilmente conseguida. Experimentem dar tempo ao tempo, e entretanto, deitem a mão a qualquer coisa. Mexam-se. Trabalhem. Ganhem dinheiro. Na loja do Shopping. Porque não ? Aaaahhh porque é Doutor... Doutor em loja de Shopping não dá status social. Pois não. Mas dá algum dinheiro. E logo chegará o tempo em que irão encontrar o tal e ambicionado emprego "digno". O tal que dá status. O meu pai e tios fizeram bolas de carvão e venderam copos de vinho. Eu, que sou Informático, System Engineer, em alturas de aperto, vendi bolos, calças de ganga, trabalhei em cafés, etc. E garanto-vos que sou hoje muito melhor e mais reconhecido socialmente do que se sempre tivesse tido a papinha toda feita. Geração à rasca ? Vão trabalhar que isso passa. Caldo de léria por João César das Neves Muita gente anda compreensivelmente angustiada com a situação nacional. Estranha é a quantidade de pessoas que se dizem desorientadas, sem ver saída. A crise é grave, mas a solução é fácil. São só três coisas simples: deixar-se de tretas, apertar o cinto e trabalhar mais. A mais difícil é a primeira. Vivemos há anos mergulhados em caldo de léria. Por exemplo, nesta grave crise existe uma pessoa imaculadamente inocente: José Sócrates. O senhor primeiro-ministro, que há seis anos só executa políticas excelentes, reformas decisivas com resultados históricos, não tem culpa nenhuma. O mal vem todo da crise mundial, da Europa, dos mercados e agência de rating. Não tem Sócrates razão para culpar a crise? Sim, como Madoff. Ambos viram os seus esquemas denunciados pelo colapso do Lehman Brothers. Na gestão Sócrates, a dívida externa bruta total de Portugal (pelo conceito do FMI) aumentou 147 mil milhões de euros, o dobro do buraco Madoff. Quando chegou ao poder em 2005, essa dívida era 168% do PIB. Em meados de 2008, antes do Lehman cair, já subira para 206%, estando agora nos 233% que nos arruínam. Cresceu mais nos anos do sucesso que desde então. Aliás, aumentou precisamente por causa do suposto sucesso. Assim para os portugueses, como para as vítimas de Madoff, a crise veio a tempo de evitar ainda pior. "Quando a maré baixa é que se vê quem nada nu", disse Warren Buffett em 2003. Se o Lehman só falisse este ano, então é que a nossa ruína seria completa. Mas as piores tretas não estão nas finanças, embora futuros orçamentos revelarão que surpresas os "resultados históricos" nos reservam. A razão verdadeira das dificuldades está na paralisia da economia. Aí o caldo é espesso. Durante seis anos, o Governo encheu a boca com obras estratégicas e planos tecnológicos. Entretanto, a produção estagnava e o desemprego disparava. Foi também a crise mundial? Não. O aparelho produtivo português foi estrangulado com boas intenções e resultados históricos. O Governo, pela brutalidade do fisco, ASAE e afins, defende o consumidor, ambiente, saúde, cultura, futuro, etc. Só prejudica as empresas. Como disse o senhor Presidente da República no discurso de posse: "É importante reconhecer as empresas e o valor por elas criado, em vez de as perseguir com uma retórica ameaçadora ou com políticas que desincentivam a iniciativa e o risco. No actual contexto, são elas que podem criar novos empregos e dar esperança a uma geração com formação ampla e diversificada e que não consegue entrar no mercado de trabalho." Além de arruinar a economia e as finanças, o pior foi o desmiolado ataque contra a família em nome da «modernidade», que levou Portugal à menor fertilidade da Europa Ocidental. Isto, além de paralisar a economia e arrombar as finanças, compromete o futuro nacional por gerações. A cegueira ideológica aqui foi criminosa. Um homem só, mesmo apoiado por um governo, não chega para criar um drama desta dimensão. A maior das tretas é atribuir todo o mal aos políticos. É verdade que o consulado Sócrates deixa o país de rastos em termos financeiros, económicos, sociais e até morais. Um verdadeiro resultado histórico, só comparável ao de Afonso Costa. Mas esse efeito deve-se à sociedade portuguesa, que Sócrates apenas representou. Afinal, na dívida externa, a parte pública é apenas um quarto. O mal foi acreditarmos nas tretas. A sociedade é democrática e aberta e as lérias foram sempre sucessivamente aplaudidas. Apesar das repetidas denúncias feitas por organismos internacionais, análises económicas, escândalos políticos, opiniões jornalísticas, o povo acreditou sempre. Com tal ingenuidade, Portugal pode estar prostrado; não pode é estar surpreendido. Agora que fazer? Trocar o Governo é fácil. Difícil é mudar mentalidades. Não apertamos o cinto porque os furos estão tapados. Não há trabalho porque não se pensa em criar empregos e procuramos os que gostamos e não os que há. Quando se ganham hábitos de rico, custa regressar à realidade. Se ao menos nos deixássemos de lérias... Haverá um dia em que todos voltaremos a ser felizes, quando: - OS SÓCRATES, FOREM APENAS FILÓSOFOS - OS ALEGRES, APENAS CRIANÇAS - OS CAVACOS, APENAS INSTRUMENTOS MUSICAIS - OS PASSOS, APENAS OS DE DANÇA - OS LOUÇÃS, APENAS ERROS ORTOGRÁFICOS - OS JERÓNIMOS, APENAS MONUMENTOS NACIONAIS - OS PORTAS, SÓ DE ABRIR E FECHAR Até lá... paciência, muita, muita, mas muita paciência! Mário Valente

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