A maioria dos contratos de especulação nas
empresas públicas para protecção da taxa
de juro dos empréstimos bancários, os chamados ‘swaps', concentra-se entre 2007
e 2009, período correspondente aos últimos dois anos do primeiro mandato do
governo de José Sócrates.
Ao que o CM apurou, essas operações
envolvem cerca de 2,6 mil milhões de euros, com a maior fatia a estar
concentrada nos metropolitanos de Lisboa e do Porto. O Governo de Passos Coelho
deverá terminar hoje a negociação destes contratos com os bancos envolvidos.
No centro do recurso das empresas aos
swaps está, segundo fonte próxima da investigação, a falta de transferência de
verbas do Orçamento do Estado para as empresas procederem aos investimentos
necessários. Daí que os encargos financeiros causados por esses contratos
especulativos levantem responsabilidades de ordem política, na medida em que o
primeiro Executivo de José Sócrates não terá dotado as empresas públicas das
verbas necessárias para a realização dos investimentos necessários.
Os contratos de especulação terão tido
como objetivo a obtenção de ganhos por parte das empresas. Alguns responsáveis
das empresas que fizeram esses contratos defendem-se alegando que os bancos
diziam que apenas emprestavam dinheiro se celebrassem esses contratos
especulativos.
O risco financeiro gerado pelos swaps foi
descoberto pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF) em 2008. Costa Pina, então
secretário de Estado, disse ao ‘Negócios' que, na sequência da auditoria,
solicitou à Direcção-Geral do Tesouro e Finanças "a preparação urgente de
instruções relativas à contratação de instrumentos de gestão de risco
financeiro." O despacho de Costa Pina foi emitido em Janeiro de 2009, mas
o risco dos swaps só surge no decorrer deste ano, com as negociações com os
bancos.
Sem comentários:
Enviar um comentário