Aos meus amigos,
professores ou não, só peço uma coisa: reencaminhem muito, a todos os vossos
contactos. Para que todos tomemos consciência da miséria, envergonhada ou não
que grassa neste país, em que só uns quantos vivem à grande e a francesa.
CONFISSÃO DE UM
PROFESSOR... ESTA DÓI A LER!
A POBREZA ENVERGONHADA!...PODE ESTAR AO NOSSO LADO!...
O Diário do Professor Arnaldo – A fome nas escolas
A POBREZA ENVERGONHADA!...PODE ESTAR AO NOSSO LADO!...
O Diário do Professor Arnaldo – A fome nas escolas
Ontem, uma mãe
lavada em lágrimas veio ter comigo à porta da escola. Que não tinha um tostão
em casa, ela e o marido estão desempregados e, até ao fim do mês, tem 2 litros
de leite e meia dúzia de batatas para dar aos dois filhos. Acontece que o mais
velho é meu aluno. Anda no 7.º ano, tem 12 anos mas, pela estrutura física,
dir-se-ia que não tem mais de 10. Como é óbvio, fiquei chocado. Ainda lhe disse
que não sou o Director de Turma do miúdo e que não podia fazer nada, a não ser
alertar quem de direito, mas ela também não queria nada a não ser desabafar. De
vez em quando, dão-lhe dois ou três pães na padaria lá da beira, que ela
distribui conforme pode para que os miúdos não vão de estômago vazio para a
escola. Quando está completamente desesperada, como nos últimos dias, ganha
coragem e recorre à instituição daqui da vila – oferecem refeições quentes aos
mais necessitados. De resto, não conta a ninguém a situação em que vive, nem
mesmo aos vizinhos, porque tem vergonha. Se existe pobreza envergonhada, aqui
está ela em toda a sua plenitude. Sabe que pode contar com a escola. Os miúdos
têm ambos Escalão A, porque o desemprego já se prolonga há mais de um ano (quem
quer duas pessoas com 45 anos de idade e habilitações ao nível da 4ª classe?).
Dão-lhes o pequeno-almoço na escola e dão-lhes o almoço e o lanche. O pior é à
noite e sobretudo ao fim-de-semana. Quantas vezes aquelas duas crianças foram
para a cama com meio copo de leite no estômago, misturado com o sal das suas
lágrimas… Sem saber o que dizer, segurei-a pela mão e meti-lhe 10 euros no
bolso. Começou por recusar, mas aceitou emocionada. Despediu-se a chorar,
dizendo que tinha vindo ter comigo apenas por causa da mensagem que eu enviara
na caderneta. Onde eu dizia, de forma dura, que «o seu educando não está
minimamente concentrado nas aulas e, não raras vezes, deita a cabeça no tampo
da mesma como se estivesse a dormir».
Aí, já não respondi. Senti-me culpado. Muito culpado por nunca ter reparado nesta situação dramática. Mas com 8 turmas e quase 200 alunos, como podia ter reparado?
Aí, já não respondi. Senti-me culpado. Muito culpado por nunca ter reparado nesta situação dramática. Mas com 8 turmas e quase 200 alunos, como podia ter reparado?
É este o Portugal de sucesso dos
nossos governantes. É este o Portugal dos nossos filhos.
CIRCULAR PELOS AMIGOS E
CONHECIDOS, COMENTAR, BARAFUSTAR, SÃO ACÇÕES QUE NADA PODERÃO FAZER PARA REPOR
OS VALORES DESTE PAÍS. É NECESSÁRIO FAZER MAIS... MUITO MAIS!
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