"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

09/07/2009

REVOLUÇÃO É...



Revolução

Revolução!?
Mas o que é revolução?
É passares o tempo
De jornal na mão,
Condenares partidos,
Criares confusão?
É chamares aos outros
Nomes, sem perdão?
É clamares por algo
Que tu não criaste?
Não sentires teu erro,
Não veres que falhaste?
Não!

Revolução ...
É pores no que fazes
O teu coração.
Destruíres o mal.
Dares nova razão
À existência humana,
Sem ódio ou aversão.

Revolução,
É amares os outros,
Sentires bem as dores
Daqueles que anseiam
Condições melhores.

Revolução,
É tu combateres
Toda a exploração,
Dares realidade
À palavra "irmão".
É criares um mundo
Sem desunião.

Revolução,
É não permitires
Qualquer distinção
Entre ti e ele.
Sim, irmão,

Revolução,
É abrires caminhos
Para a Paz no mundo.
Não a falsa paz
Feita de acordos,
Mas a Paz de Espírito,
Sem ver cair corpos
Nessas guerras frias,
Vãs, cruéis ...
Não fazendo mais
Do que assinar papéis.

Revolução,
É fazeres o bem,
É reivindicares
Uma condição:
A de haver AMOR
Na tua nação,
Em troca de tudo
O que possas dar
P'ra nunca matares.
Depois...
Conservares o bem
De poderes sentir
Que, co'a tua força,
Fizeste surgir
Uma nova vida
Em todos os seres.

Amar com carinho,
Sem nada pedires.
Dares ..., sem receberes.
Então ... Verás que isso é Vida
Poderás viver!
FOI REVOLUÇÃO!

Porto, Junho de 1975
Maria Letra


NOTA: Este poema, escrito há 34 anos, foi-me enviado agora pela sua autora que, nessa data, era muito jovem (agora pertence ao clube dos Sempre Jovens), mas já dolorida ao ver os desmandos que grassavam na sociedade e que colidiam com a sua apurada noção de civismo arreigada numa educação bem estruturada cujos efeitos não são abaláveis. Para ela, um Bem haja e o meu reconhecimento pela sua noção de cidadania e de civismo.Não posso deixar de publicar estas reflexões porque a revolução no sentido em que é entendida neste poema é permanente e os ensinamentos aqui expendidos devem ser aplicados no período que atravessamos.Se o actual Governo tivesse cumprido com êxito as suas promessas eleitorais, teria levado a cabo uma revolução bem sucedida, em paz, no ensino, na saúde, na justiça, na segurança interna, etc. Mas o fracasso deve ser encarado como um atraso de percurso, que se espera venha a ser superado pelo próximo governo, com os melhores resultados, para bem dos portugueses.Aos aspectos referidos deverá acrescentar-se a normalização dos serviços públicos da administração central e autárquica, actuando no combate à burocracia, à corrupção, ao enriquecimento ilícito, às excessivas despesas do Estado, às nomeações ilimitadas de «boys» para cargos injustificados e muitas vezes criados para lhes dar emprego (quando necessários devem ser preenchidos por concurso público).

À querida Amiga Mizita, peço desculpa pela extensão desta nota.

Publicada por A. João Soares no blogue Do Miradouro

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