"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

11/06/2010

COMO ACABAR COM A DESERTIFICAÇÃO DO INTERIOR


A criação de polos no interior com boas condições de vida levaria a que as pessoas aí se radicassem em vez de irem para as grandes cidades. por outro lado levaria os jóvens licenciados a procurar aí o seu emprego.Não gastando enormidades em TGV's, autoestradas desnecessária, pontes, aeroportos que poderiam esperar melhores oportunidades e com esses dinheiros procurarem desenvolver em diversos níveis esses polos, conseguiriam consolidá-los. Com isso poupavam-se muitas autarquias (e centenas de autarcas) desnecessárias e os dinheiros dessa poupança reverteriam em melhoramentos dos polos em causa. Uma regionalização bem planeada encontraria aí o seu principio para um Portugal mais homogéneo e mais produtivo.Esses polos poderiam incentivar a agricultura, a indústria, etc.,etc. e com isso inverter a ida para as grandes cidades que já não comportam mais população. Diminuiria o desemprego e com tais medidas evitar-se-iam os custos que tal concentração acarreta (subsidios de desemprego, construção de bairros económicos, construção de cidades satélites que não passam de dormitórios, aumento de infraestruturas de apoio, aumento dos meios de transporte urbanos, etc.)
Por outro lado, segundo o meu Amigo João falta a nível governamental essa estratégia de desenvolvimento económico do todo nacional. No interior, além de minas e outras explorações de recursos locais (os espanhóis entraram em Trás-os-Montes para explorar granito), a agricultura, floricultura e pecuária e indústrias com elas relacionadas, poderiam estar mais desenvolvidas. Mas, com se disse anteriormente, há factores que não contribuem para esse desenvolvimento, por exemplo, a falta de técnicos, desde há muitas dezenas de anos, no interior. O agricultor e o industrial, no interior, andam desinformados sobre a melhor forma de desenvolverem as suas actividades. As escolas técnicas que contribuíam para o desenvolvimento prático da população desapareceram e as escolas normais nada ensinam de prático e realmente útil para tais efeitos. Nota-se no interior, com mais gravidade, o mal do País, as autarquias são o que todos nós sabemos. Por erros culturais, que as escolas não têm combatido, cultiva-se atavicamente o «nivelar por baixo» dificultando a vida a quem pretende fazer algo de bom e diferente. Por tudo isto não é fácil combater a desertificação do interior, pelo que do interior as pessoas mais válidas migram para o litoral e para o estrangeiro à procura daquilo que não encontram localmente. No entanto, dentro o espírito que atrás referi,têm-se instalado no Alentejo, voluntariamente, famílias estrangeiras que têm conseguido uma vida desafogada, com actividades menos vulgares e bem remuneradoras. Podiam servir de exemplo a portugueses, mas a nossa cultura da ignorância tradicional impede que façamos experiências que depois de analisadas mostram serem rentáveis. As aldeias com pouca gente em cada uma, aglutinadas nesses polos populacionais, devidamente apetrechados, em cada concelho, dariam a todos boas condições de vida e permitiriam que as suas crianças aí estudassem. Desta forma o encerramento das escolas agora previstas não iriam aumentar a desertificação que ora se verifica. Por todo o mundo civilizado estas medidas estão a ser equacionadas com bons resultados, porquê então nada se faz por cá nesse sentido? Talvez porque isso obrigaria os governantes a pensar coisa que duvido saibam fazer...
A verdade é que os políticos carecem de inteligência bem exercitada para fazer planos coerentes e realistas. Aqueles que parecem ser criativos, não são praticantes. Não têm capacidade de concretização. Pelo menos os resultados mostram que assim é. E, para cúmulo, cercam-se de assessores que apenas servem para elogiar os chefes em vez de suprirem as suas incapacidades, não passando de uns "Yes Men"!

3 comentários:

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Acho que estás a ensinar aos políticos como devem gerir Portugal, não perdendo de vista o desprezado interior.

Podias ou devias (!!!) colocar aspas no meu texto transcrito. Mas, para que não restem dúvidas, vou explicar a minha ideia.

É sempre redutor num fenómeno tão complexo atribuir as culpas a um factor. Há várias condicionantes que se foram interligando, numa sinergia tipo circulo vicioso, em que umas ampliam os efeitos das outras.

Por exemplo, falta a nível governamental uma estratégia de desenvolvimento económico do todo nacional. No interior, além de minas e outras explorações de recursos locais (os espanhóis entraram em Trás-os-Montes para explorar granito), a agricultura, floricultura e pecuária e indústrias com elas relacionadas, poderiam estar mais desenvolvidas.

Mas há factores que não contribuem para esse desenvolvimento. Dos numerosos engenheiros agrónomos e técnicos do ministério da Agricultura, nenhum tem sido visto em várias aldeias desde há muitas dezenas de anos. Ninguém informa o agricultor sobre os melhores produtos a produzir em função das características dos seus terrenos, e a melhor forma de fazer agricultura. Por isso, o agricultor tem vindo a trabalhas nos mesmos moldes artesanais dos avós e mais antigos antecessores. Se alguém lhes dá conselhos é o vendedor de fertilizantes, pesticidas e insecticidas, mas esse o que pretende é vender mais, mesmo que isso vá prejudicar a qualidade alimentar do produto por excesso de químicos tóxicos.

As escolas técnicas que contribuíam para o desenvolvimento prático da população rural e mesmo urbana, desapareceram e as escolas vulgares nada ensinam de prático e realmente útil para tais efeitos. Nota-se no interior, com mais gravidade, o mal do País que está a deslizar ao sabor de teóricos que poderão ser muito sábios mas que nada realizam. Chamam-lhes políticos, assessores, consultores, mas que nada contribuem para uma melhor gestão dos interesses nacionais, das pessoas, dos cidadãos em geral.

A nível local as autarquias são o que todos sabemos, jogando para a própria imagem e dando satisfação às suas ambições e dos seus amigos. E se algum indivíduo tem uma ideia que poderia contribuir para o desenvolvimento da economia local, são lhe levantadas mil dificuldades quer da burocracia doentia habitual, quer da inveja de ele poder ir colher dividendos da sua iniciativa. Por erros culturais, que as escolas não têm combatido, cultiva-se atavicamente o «nivelar por baixo» dificultando a vida a quem pretende fazer algo de bom e diferente. Há uma perigosa hostiliddade ao mérito, do que resulta o culto da mediocridade.

(continua no próximo comentário)

A. João Soares disse...

Caro Luís, tive de dividir por ser mais extenso do que o permitido.

Com estes e outros factores, não é fácil combater a desertificação do interior, mas é erro crasso aumentá-la. Tudo tem contribuído para que do interior as pessoas mais válidas migrem para o litoral e para o estrangeiro à procura daquilo que não encontram localmente.

No centro do País, em Vila de Rei, houve uma autarca que convidou uma quantidade de famílias brasileiras para povoarem o concelho, mas não lhes deu pistas para actividades produtivas que as beneficiassem e à região, e elas não tiveram as esperadas iniciativas. Foi um fracasso, um investimento falhado.

Pelo contrário, têm-se instalado no Alentejo, voluntariamente, famílias estrangeiras que têm conseguido uma vida desafogada, com actividades menos vulgares e bem remuneradoras.

Podiam servir de exemplo a portugueses, mas a nossa cultura da ignorância tradicional impede que façamos experiências que depois de analisadas mostram que são rentáveis.

Portanto, o encerramento das escolas não é uma causa determinante da desertificação mas vai agravá-la, principalmente se, em vez de agrupar as crianças de três ou quatro aldeias numa das escolas ali existentes, as levarem para a sede do concelho.

Também parece que está passada a época de existirem muitas aldeias com pouca gente em cada uma, sendo preferível criar poucos aglomerados populacionais em cada concelho dando a cada um boas condições de vida, mas isso não se resolve concentrando tudo na sede do concelho.

Os gastos que o Estafo faria nos pólos regionais que sugeres, seria um investimento muito rentável cujos dividendos seriam traduzidos num melhor aproveitamento do solo para agricultora, silvicultura floricultura (em estufas) produção de carne e leite, etc, ao que se seguiria a industrialização dos produtos colhidos.

Mas como dizes, os políticos carecem de inteligência bem exercitada pata fazer planos coerentes e realistas. Aqueles que parecem ser criativos, não são praticantes. Não têm capacidade de concretização. Pelo menos os resultados mostram que assim é.

E, para cúmulo, cercam-se de assessores que apenas servem para elogiar os chefes em vez de suprirem as suas incapacidades.

Caro Luís, é um texto muito extenso mas serve para deixar mais claro o problema e desta forma talvez sensibilize um ou outro visitante que possa empurrar a ideia para ser feito melhor ou evitar fazer pior!!!

Um forte abraço
João
Do Miradouro

Luis disse...

Caro João,
Como sabes costumo pôr aspas quando reproduzo na íntegra as palavras de alguém, mas neste caso para não alongar o texto procurei tirar as ideias e daí ter referido o teu nome e não ter p+osto aspas, ok? Não foi falta de respeito por ti.
Mas ainda bem que fizeste o comentário pois reforça o post.
Um abraço amigo.