"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

19/06/2010

Rescaldo do Discurso do Dr. António Barreto

Não pretendo criar qualquer polémica sobre este assunto, antes pelo contrário, estas minhas palavras têm só o intuito de esclarecer o que me levou a enaltecer o Dr. António Barreto. Aceito que haja quem possa discordar, tal como António de Oliveira Martins o fez, pois cada cabeça sua sentença! Mas vejamos:
- António Barreto teve uma acção determinante em resolver os problemas resultantes de uma “reforma agrária” que estava a destruir a Agricultura em Portugal.
- Teve uma intervenção muito oportuna no problema da descolonização de Angola, com um artigo sobre o livro “Holocausto em Angola”, que demonstrou o seu Humanismo perante tão grave momento que então aí se viveu.
- Em diversos artigos de opinião tem mantido criticas acérrimas à política seguida pelo PS e seus actuais dirigentes no sentido de os demover dos caminhos que estão a ser por eles tomados.
- O seu discurso, que pode ser considerado “politicamente incorrecto” para muitos “esquerdistas”, no passado Dia 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e da Raça, pela primeira vez levantou o pesado véu que cobria os ex-combatentes, que aí se encontravam, até agora, escondidos pelos diversos governos, como se tivessem lepra ou não tivessem cumprido o seu dever perante a sua Pátria!
- Apesar de tudo acredito que António Barreto rejeitaria liminarmente a proposta por mim levantada por julgar que não está no seu horizonte político tal candidatura. A sua humildade não o levaria a aceitá-la!
- João Marcelino no dia 11, no DN, em texto que vale a pena ler, afirmou o que esse discurso foi "justo, corajoso e oportuno". Dele ainda respigo: “Já era tempo de alguém ter o desassombro intelectual de dizer aquilo que António Barreto disse, a todos e a cada um de nós”.
E ainda: “Um País pode ser pobre quando apenas possui decisores, gestores, gente muito rica e até políticos determinados ou obstinados. Mas pode ser rico, mesmo em tempo de crise, quando no meio de tanta miséria intelectual sobressaem homens que, como António Barreto, sabem pensar e derramar o bálsamo da palavra sobre feridas sociais que urgem ser cicatrizadas. E é para isto que também serve o Dia de Portugal.”

- Igualmente Ribeiro Soares, ex combatente como eu, lembrou que António Barreto soube distinguir entre uma guerra com a qual não concordava e por isso não combateu e os que nela combateram de forma honesta, quaisquer que fossem as razões porque o fizeram, cumprindo o seu dever de Portugueses.

- Tomé Pinto, sinteticamente afirmou, reagindo às minhas palavras: “Felizmente também há Portugueses honrados...”

- E ainda Ferreira Pinto, também ele, ex-combatente, soube dizer: “Compreendo e subscrevo (se assim se pode dizer) o teu entusiasmo.”

“Tendo presente a espantosa mensagem que o discurso de António Barreto conteve - e essa é, para mim, a mais extraordinária homenagem que, alguma vez, se prestou aos ex-combatentes - não deixaria de ser entusiasmante participar na sua eleição para Comandante Supremo (mais do que PR...). Claro, não ficaria nenhum de nós indiferente.
No entanto, com noção da realidade e com reflectido pragmatismo, convenhamos que qualquer movimentação nesse sentido não conduziria a lado nenhum, para além, claro, da indisponibilidade que António Barreto não deixaria de manifestar, mais do que compreensivelmente.
Mas, obviamente, que nos compete fazer alguma coisa para, em voz alta, de lés a lés, gritar a nossa gratidão, com dois objectivos fundamentais: primeiro, homenagear, agora, o Homem, o intelectual, o Português de eleição; segundo, esfregar nas trombas de todos os outros (desculpe-se a linguagem rasteira...) o orgulho de carregar connosco, de cabeça levantada, a honra de termos sido combatentes, por um Portugal que desde os nossos 18 anos juramos honrar e defender. E isso, por mais silêncio que façam à nossa volta, ninguém pode sujar!
Assim, meu caro, mobilizem-se as Associações de Militares para promover uma homenagem nacional a António Barreto que deveria revestir-se de um simbolismo marcante mas singelo e que poderia vir a ser no Dia de Portugal do próximo ano.
O Homem que nos fez, em 10 de Junho, escapar algumas lágrimas de orgulho, ficará para sempre, na sua reconhecida humildade, mas também na sua manifesta grandeza, como mais um de nós. Tanto lhe bastará!”

Nem tudo quanto fez António Barreto merecerá o nosso acordo, mas quem não erra que atire a primeira pedra! Para quem queira comparar Manuel Alegre com a sua pessoa lembro que António Barreto recusou a guerra, foi refractário e não cumpriu o serviço militar, mas nada fez que prejudicasse ou pusesse em risco os que combatiam. A sua luta foi sempre no âmbito político e das ideias, nunca com violência ou terrorismo. Enquanto Manuel Alegre fez o que fez, até agora nunca elevou a voz a homenagear os ex-combatentes, e isso não o inibe de ser candidato.

Assim, por tudo quanto atrás ficou dito julgo dispensar-me de dizer algo mais a justificar o meu entusiasmo e gratidão por este homem que desassombradamente fez JUSTIÇA a todos nós ex-combatentes!

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