"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

20/01/2011

MUDAR DE REGIME


No seguimento de outros artigos sobre a crise que vivemos e as medidas conducentes à sua correcção pareceu-me interessante aqui colocar a opinião de Vasco Pulido Valente por me parecer muito válida.
Não há dúvida alguma que o que tem faltado é uma fiscalização aos actos da governação quer central quer local, além de um compadrio desenfreado enchendo de "boys" e "girls", a maior parte pouco capazes, dos diversos partidos do poder, em Institutos, Fundações e sei lá que mais que não passam de sorvedouros dos dinheiros públicos! "O Rei vai nu" e ninguém tem interesse em saber... nem ninguém é responsabilizado por isso!!!
Assim transcreve-se:


"Dez milhões de portugueses foram vítimas de uma fraude, que os fará passar anos de miséria.
Toda a gente acusou deste crime, único na nossa história recente, entidades sem rosto como os “mercados”, a “especulação” ou meia dúzia de agências de rating, que por motivos misteriosos resolveram embirrar com um pequeno país bem comportado e completamente inócuo.
Mas ninguém acusa os verdadeiros responsáveis, que continuam por aí a perorar como se não tivessem nada a ver com o caso e até se juntam, quando calha, ao coro das lamúrias. Parece que não há um político nesta terra responsável pelo défice, pela dívida e pela geral megalomania dos nossos compromissos. O Estado foi sempre administrado com senso e parcimónia. Tudo nos caiu do céu.
Certos pensadores profissionais acham mesmo que o próprio regime que engendrou a presente tragédia é praticamente perfeito e que se não deve mexer na Constituição em que ele assenta. Isso espanta, porque a reacção tradicional costumava ser a de corrigir as regras a que o desastre era atribuível. Basta conhecer a história da França, de Espanha ou mesmo de Portugal para verificar que várias Monarquias, como várias Repúblicas, desapareceram exactamente pela espécie de irresponsabilidade (e prodigalidade) que o Estado do “25 de Abril” demonstrou com abundância e zelo desde, pelo menos, 1990. A oligarquia partidária e a oligarquia dos “negócios” que geriram, em comum, a administração central e as centenas de sobas sem cabeça ou vergonha da administração local não nasceram por acaso.
Nasceram da fraqueza do poder e da ausência de uma entidade fiscalizadora. Por outras palavras, nasceram de um Presidente quase irrelevante; de uma Assembleia em que os deputados não decidem ou votam livremente; de Governos que no fundo nem o Presidente nem a Assembleia controlam; de Câmaras que funcionam como verdadeiros feudos: de uma lei eleitoral que dissolve a identidade e a independência dos candidatos.
Vivendo a nossa vida pública como a vivemos, quem não perceberá a caracterizada loucura das despesas (que manifestamente excede o tolerável), a corrupção (que se tornou universal), os funcionários sem utilidade, o puro desperdício e, no fim, como de costume, a crise financeira? A moral da coisa é muito simples: só se resolve a crise mudando de regime."

Vasco Pulido Valente, em 15 de Janeiro de 2011

5 comentários:

tempus fugit à pressa disse...

Mudar?

Nada Muda

Em 800 ou 100 anos só muda a aparência das coisas

Mudamos dentro do mesmo regime

Por vezes mudamos o nome ao regime, mas no fundo continua o mesmo

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (…)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (…)

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; (…)

Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar

Anónimo disse...

Veja www.batemtodos.blogspot.com

Rafeiro Perfumado disse...

O problema é que o sistema é rotativo, mudam-se uns colocam-se lá outros, e o cheiro é quase igual.

Abraço!

Janita disse...

Meu querido amigo Luis.

Mudar de Regime...para qual?

Já os tivemos todos, desde a Monarquia até à Democracia passando pela Ditadura.

O povo já anda cansado e baralhado.
Nem sabe para onde se virar, optando por ficar com o que já conhece.

Meu bom amigo Luis, temos que aguentar até que melhores dias venham.

Beijinhos com muito carinho.
Janita

Luis disse...

Caríssimos Amigos,
Neste caso de mudança de Regime até poderia ser só alterações à actual Constituição pois esta está inoperante! Realmente como estamos é: "vira o disco e toca o mesmo"...
Mas os actuais deputados feitos com esta não a querem mudar para não perderem as mordomias que ganharam muitas das vezes miserávelmente e como tal indevidamente. É aqui que está o "busílis"!!!
Um abraço amigo e solidário.