"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

16/10/2013

Bode expiatório




Foi Cavaco Silva, e não Merkel, que enquanto primeiro-ministro permitiu o desbaratar de fundos europeus em obras faraónicas e inúteis, desde piscinas e pavilhões desportivos sem utentes, ao desnecessário Centro Cultural de Belém.
Foi o seu ministro Ferreira do Amaral que hipotecou o estado no negócio da Ponte Vasco da Gama.
Foi António Guterres, e não Merkel, que decidiu esbanjar centenas de milhões de euros na construção de dez estádios de futebol. Foi também no seu tempo que se construiu o Parque das Nações, o negócio imobiliário mais ruinoso para o estado em toda a história de Portugal.
Foi mais tarde, já com Durão Barroso e o seu ministro da defesa Paulo Portas, que ocorreu o caso de corrupção na compra de submarinos a uma empresa alemã. E enquanto no país de Merkel os corruptores estão presos, por cá nada acontece.
Mas o descalabro maior ainda estava para chegar. 
Os mandatos de José Sócrates ficarão para a história como aqueles em que os socialistas entregaram os principais negócios de estado ao grande capital. Concederam-se privilégios sem fim à EDP e aos seus parceiros das energias renováveis; celebraram-se os mais ruinosos contratos de parceria público-privada, com todos os lucros garantidos aos concessionários, correndo o estado todos os riscos. O seu ministro Teixeira dos Santos nacionalizou e assumiu todos os prejuízos do BPN.
Finalmente, chegou Passos Coelho, que prometeu não aumentar impostos nem tocar nos subsídios, mas quando assumiu o poder, fez exactamente o contrário. Também não é Merkel a culpada dessa incoerência, nem tão pouco é responsável pelos disparates de Vítor Gaspar, que não pára de subir taxas de imposto. A colecta diminui, a dívida pública cresce, a economia soçobra.
A raiva face aos dirigentes políticos deve ser dirigida a outros que não à chanceler alemã. Aliás, os que fazem de Angela Merkel o bode expiatório dos nossos problemas estão implicitamente a amnistiar os verdadeiros culpados.
Paulo Morais, Professor universitário, In Correia da Manhã, 13/11/2012

NOTA:

A fúria que muitos sentem relativamente à chanceler alemã Angela Merkel é compreensível.
Mas não foi Angela Merkel a responsável pelo estado a que chegámos, pela crise em que nos mergulharam, pelo enorme endividamento das famílias ou pelos esquemas de corrupção que exauriram as contas públicas.

3 comentários:

Unknown disse...

Na minha ingenuidade política sempre acreditei que a Merkel é que manda em toda a Europa. O maior Banco está sediado na Alemanha.
As grandes directrizes para toda a Europa tem a sua assinatura.
A Troika são enviados especiais para oprimir e extinguir os países com dividas.
Cavaco, Guterres, Durão, Portas e outros deviam ser julgados pelos respectivos erros.
Como não há justiça eles continuam a viver bem enquanto os portugueses são espoliados das suas pensões...

São disse...

SEm isentar os nossos governantes de erros, pois o desastre começou com Cavaco, que pagou para arrancar oliveiras e destruir frotas pesqueiras, não considero Merkel um bode expiatóropa.

Aconselho a quem o faz , ler "Estratégia Merkel" da alemã Gertrud Hohler.

Á Alemanha foi perdoada uma significativa parte da dívida da Segunda Guerra e pagou o resto em condições muito favoráveis, além dp Plano Marshall...e agora aperta o garrote . asfixiando e destruindo as economias dos países em dificuldades . Até da Grécia, a quem deveria ter tido pago milhões!

Meu caro amigo, um abraço grande

Luis disse...

Meus bons Amigos,
Merkel tem as suas culpas, mas os nossos (des)governantes são bem mais culpados e puseram-nos a jeito... São eles que deveriam ser julgados pelos seus desmandos!
Saudações Amigas