Mais uma vez Mário Crespo revela o seu caracter, a sua independência, a sua isenção e a sua cultura democrática ao dizer:
"Assistir ao duríssimo questionamento da comissão de inquérito senatorial nos Estados Unidos para a nomeação da juíza Sónia Sottomayor para o Supremo Tribunal é ver um magnífico exercício de cidadania avançada. Não temos em Portugal nada que se lhe compare. Se os nossos parlamentares tivessem a independência dos congressistas americanos, Cavaco Silva nunca teria sido presidente, Sócrates primeiro-ministro, Dias Loureiro Conselheiro de Estado, Lopes da Mota representante de Portugal ou Alberto Costa ministro da Justiça. O impiedoso exame de comportamentos, curricula e carácter teria posto um fim às respectivas carreiras públicas antes delas poderem causar danos."
Igualmente ao comparar o que passa na nossa Assembleia da República com o Senado Americano lembra:
"Se a Assembleia da República tivesse a força política do Senado, os negócios do cidadão Aníbal Cavaco Silva e família, com as acções do grupo do BPN, por legais que fossem, levantariam questões éticas que impediriam o exercício de um cargo público. Se o Parlamento em Portugal tivesse a vitalidade democrática da Câmara dos Representantes, o acidentado percurso universitário de José Sócrates teria feito abortar a carreira política. Não por insuficiência de qualificação académica, que essa é irrelevante, mas pelo facilitismo de actuação, esse sim, definidor de carácter."
Nesse seu artigo diz ainda que tanto Lopes da Mota como Alberto Costa pelos seus antecedentes nunca teriam ocupado os lugares que atingiram por pura e simplesmente não inspirarem confiança ao Estado, segundo os padrões de exigência existentes nas diversas Comissões do Senado que analisam os comportamentos dos políticos quando indigitados para irem ocupar lugares na Governação.
Segundo ele "se houvesse um Congresso como nos Estados Unidos, com o seu papel fiscalizador da vida pública, por muito forte que fosse a cumplicidade dos afectos entre Dias Loureiro e Cavaco Silva, o executivo da Sociedade Lusa de Negócios nunca teria sido conselheiro presidencial, porque o presidente teria tido medo das cargas que uma tal nomeação" (...)
(...)"Mas nem Cavaco teve medo, nem Sócrates se inibiu de ir buscar diplomas a uma universidade que, se não tivesse sido fechada, provavelmente já lhe teria dado um doutoramento, nem Dias Loureiro contou tudo o que sabia aos parlamentares, nem Lopes da Mota achou mal tentar forçar o sistema judicial a proteger o camarada primeiro-ministro, nem Alberto Costa se sentiu impedido de ser o administrador da justiça nacional em nome do Estado lá porque tinha sido considerado culpado de pressionar um juiz em Macau num caso de promiscuidade política e financeira."
Por tudo isto nenhum destes actores teria passado nas audições para o casting de papéis relevantes na vida pública nos Estados Unidos. Mas por cá nem se franziram sobrolhos nem houve interrogações, não houve ninguém para fazer perguntas a tempo e, pior ainda, não houve sequer medo ou pudor que elas pudessem ser feitas.
Por tudo que foi dito anteriormente chega-se à conclusão que a "cidadania" que se vive em Portugal está a anos luz da cidadania avançada que regula a Democracia Americana!
É por isso, digo eu, que vivemos "nas Trevas"!
2 comentários:
Querido amigo Luis
Este artigo de Mário Crespo é espectacular, como, aliás, tudo o que ele escreve.
Recebo, por email, muitos textos dele, com que me delicio.
Há muitas pessoas que estão sempre a criticar os Estados Unidos, mas a verdade é que, em liberdade e democracia, com respeito pelo cidadão, ninguém os bate.
Relativamente ao seu comentário à Anita, que agradeço, não posso deixar de lhe lembrar: a curiosidade matou o gato! Portanto...vamos lá aguardar com calma. O que tiver que acontecer...na realidade já aconteceu há mais de vinte anos. Agora é só o relato dos acontecimentos.
Uma noite feliz e tranquila.
Beijinhos
Mariazita
Querida Amiga Mizita,
Agradeço~lhe as suas boas palavras e o espírito revelado. Acredite que me ri imenso com a história do gato...
Desejos de um Santo Natal.
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