08/05/2011
Parlamento do Povo
O distrito de Leiria e as eleições
Vamos ter brevemente eleições e penso que a esmagadora maioria dos militantes do Partido Socialista se junta à volta do seu líder para, se possível, vencerem as eleições e formar Governo. Lamento não poder fazer o mesmo, apesar de ser militante do PS. A explicação plausível para esta decisão é a de que coloco o interesse nacional acima do interesse partidário. Uma segunda explicação, também possível, é a de que não gosto do primeiro-ministro, sendo que ambas as explicações, do lado da razão e do lado da emoção, são verdadeiras. Todavia estas não são as causas principais para não apoiar o PS nestas eleições, porque se trata principalmente de uma questão de respeito pela minha própria inteligência.
Ou seja, estando certo de que José Sócrates foi o pior primeiro-ministro depois do 25 de Abril, aquele que objectivamente mais fez para arruinar Portugal, não poderia, por respeito próprio, acorrer com a minha acção para prolongar a agonia. Ou, se os leitores preferirem, ficaria de mal com a minha consciência, as minhas convicções e o meu conhecimento da realidade, esquecer tudo o que se passou ao longo dos últimos seis anos, a favor de um sentimento de pertença partidária, ou de nós contra os outros.
Claro que me pergunto porque será que pessoas tão ou mais conhecedoras do que eu, desde Mário Soares a Jorge Sampaio, de António José Seguro a António Vitorino, que porventura conhecem melhor o que se passou nos últimos anos e que sabem bem a situação de falência a que Portugal chegou, porque será que não hesitam a apoiar o PS e José Sócrates? Não sei responder a esta questão, mas com a mesma convicção que me levou a ser o único a votar contra a moção de António Guterres no XII Congresso do PS, tenho a certeza de que a minha é a decisão correcta e a única responsável.
Muitos dirão que o PSD não é melhor do que o PS e que o seu líder já cometeu em poucos meses erros imperdoáveis, e isso é verdade. Mas essa não é a questão principal, porque não são as minhas dúvidas sobre a capacidade da futura governação que estão aqui em causa, mas a certeza do que avaliei ao longo dos últimos anos e a convicção de que não tendo o PS compreendido até agora o mal que fez aos portugueses, não merece o meu apoio. Além de que do ponto de vista do interesse nacional é perigoso manter os mesmos que nos conduziram até aqui durante mais uma legislatura. Portugal não resistiria durante mais tempo à mesma receita.
Entretanto, não me é indiferente que, segundo os jornais, os candidatos a deputados pelo PS do nosso distrito tenham sido “eleitos” por trinta e três militantes do partido, isto é, os futuros representantes dos votantes socialistas para a Assembleia da República não representem coisa alguma a não ser os seus próprios chefes.
Acresce que durante as últimas eleições o cabeça de lista da candidatura do PS foi apresentado como sendo de grande utilidade para as empresas do distrito por ser ministro dos Negócios Estrangeiros. Agora o novo líder da lista é apresentado como sendo muito útil às empresas por ser presidente do Aicep, o que é, em ambos os casos, uma lamentável demonstração de menoridade política. Faço a justiça a ambos de pensar que assumiram e assumem os seus cargos para defender o interesse nacional e não para defender o mundo pequenino que habita nas cabeças de quem faz este tipo de propaganda.
Desde que fui candidato em 1995, o PS nunca mais teve um cabeça da lista do distrito de Leiria e mudou de candidato todos os anos. Todos os candidatos foram apresentados pela sua grande utilidade para o distrito, ou para as empresas, tanto vale, todos mostraram durante as respectivas campanhas a sua profunda devoção aos problemas da região e todos com o mesmo resultado: rigorosamente zero, como aliás seria de esperar. Um exemplo é a zona industrial da Marinha Grande, questão que atravessou todas as candidaturas e que continua por resolver, tal e qual como há 10 anos.
Portugal está a viver um dos piores períodos da sua história e enquanto outros países da Europa e do mundo avançam e se desenvolvem, o nosso Pais está falido e os portugueses a ficar mais pobres cada dia que passa. Estamos agora prontos para perder a soberania que nos resta e ficar dependentes do estrangeiro para sobreviver, sem que ninguém verdadeiramente saiba qual vai ser o futuro da Nação que deu novos mundos ao mundo. São estas algumas das razões porque, pelo menos para mim, apoiar quem nos colocou nesta situação está fora de questão e não faz qualquer sentido.
Escrito por Henrique Neto
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2 comentários:
Gostei de ler a opinião do autor.
Não sei o que é que muitos portugueses pensam desta governação onde prima pelos erros sem humildade nem respeito pelos trabalhadores:
médicos, juízes, professores, e toda a administração pública.
A primeira vez acreditei.
A segunda já lhe retirei o voto e agora à terceira também não lho dou nem às suas hostes famintas de vingança..........................
Meu Bom Amigo Luís Coelho,
Realmente não se percebe o "amor" ao "querido líder" que nos criou tanta desgraça. Deve ser os "tachos" de que estão à espera... Nunca votei nele porque nunca ma mereceu crédito e afinal tinha razão!
Um abraço amigo e solidário.
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