Para o bispo de
Beja, D. António Vitalino, os políticos só recuperarão a confiança dos
portugueses se partilharem “voluntariamente” dos sacrifícios impostos. Na sua
nota semanal, citada pela Ecclesia, o prelado considera que seria uma “prova de
coerência” e de manifestação de que estão “realmente interessados no bem
comum”, os políticos prescindirem “de parte dos seus vencimentos e mordomias”.
Para o bispo de Beja,
D. António Vitalino, chegou a hora de os governantes e políticos mostrarem que
estão “realmente” comprometidos com a recuperação do País e que
“voluntariamente” pretendem partilhar dos mesmos sacrifícios que estão a ser
exigidos aos portugueses.“A mudança radical de modelo de vida não se impõe, mas propõe, e as boas propostas são aquelas que partem do testemunho”, escreve D. António Vitalino, na sua nota semanal, citada pela agência Ecclesia, e dirigida directamente aos que “tanto falam da necessidade de mudar de paradigma, procuram medidas de austeridade, impõem taxas de solidariedade”.
Acrescenta o bispo, “se estão realmente interessados no bem comum, pois foi para isso que foram eleitos, então que prescindam voluntariamente de parte dos seus vencimentos e mordomias”. Esta “seria uma prova de coerência”, salienta D. António Vitalino, e ao mesmo tempo uma forma de os políticos recuperarem um pouco da “confiança” das pessoas, mostrando “o seu amor ao País e aos mais pobres”.
Na opinião do bispo de Beja, os cortes que o Governo pretende aplicar só podem ser compreendidos e aceites se também afectarem “os vencimentos exorbitantes de gestores de empresas públicas e de bancos e as mordomias de ex-políticos”, e não apenas os pensionistas e funcionários públicos.
Neste sentido, o responsável da Igreja propõe ainda, maior atenção a todos quantos “têm dificuldade em viver dignamente” e mais diálogo e entreajuda na busca de “soluções no mercado de trabalho ou, pelo menos, no voluntariado social”, para fazer face a quase um milhão de desempregados.
“Cada pessoa tem a sua dignidade e os seus dons, mas estes são concedidos para o bem comum, para riqueza da comunidade a que se pertence. De pouco valem, se não forem exercidos nesse sentido”, conclui D. António Vitalino.
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