"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

08/09/2009

Falem-nos de Política

Transcrevo o artigo de Ferreira Fernandes e acrescento uma Nota em que cito outro artigo, de Pedro Marques Lopes.

E que tal discutir política?
DN. 090908. por Ferreira Fernandes

O jornal i fez, ontem, o levantamento de algumas das exportações portuguesas durante o Governo de José Sócrates. Fez o levantamento, sim: aqueles negócios levantaram voo. Com a Venezuela (em quatro anos, quintuplicaram), Angola (triplicaram), Argélia (quadruplicaram), Rússia (triplicaram), Líbia e China (em ambas, quase duplicaram) e Jordânia (quase triplicaram)...

Esse sucesso foi acompanhado (e, em alguns casos, foi motivado) por uma diplomacia económica em que os governantes não se importaram de fazer de caixeiros-viajantes. Nesses destinos há um país muito importante (Angola, já o quarto comprador) e outros são mercados tentadores (bastava lá estar a China). Eis, pois, um balanço extraordinário - mas que merecia discussão, agora que julgamos quem nos governou nos últimos quatro anos.

Todos aqueles países são susceptíveis de crítica (mais uns que outros) sobre o seu comportamento democrático. Eu digo que sim, há que fazer esses negócios - e, daí, eu achar bons os resultados conseguidos.

Mas gostaria de saber se isso divide os partidos. Gostaria que na campanha se discutisse política. E não hipóteses de primos, hipóteses de asfixias e tricas sobre carros oficiais.

NOTA: Sobre o mesmo tema – conteúdo da campanha política - e com o titulo As eleições sem política, Pedro Marques Lopes, em estilo diferente, refere a predominância da política com p muito minúsculo e a ausência da verdadeira Política, a arte e ciência de governar que, neste momento, devia traduzir-se em projectos estratégicos, em propostas honestas, para o futuro de Portugal com incidência nas gerações mais novas e na qualidade de vida de todos os portugueses.

Perdem tempo em questiúnculas secundárias que procuram desgastar a imagem dos concorrentes ao pódio, sem mostrarem o que cada um tem de válido para os portugueses.

Sendo as eleições comparadas a uma competição atlética, constatamos a péssima qualidade dos concorrentes que preferem dopar-se para melhor rasteirarem o competidor em vez de evidenciarem a verdadeira força dos seus músculos e as suas capacidades físicas e mentais.

Na minha situação de vulgar cidadão, sem obrigação para qualquer dos partidos, concluo que, após as eleições, tudo irá continuar na mesma, sejam quais forem os vencedores.

São todos iguais: desprezam a verdadeira Política e apenas se preocupam com a politiquice interpartidária que se sobrepõe aos reais interesses nacionais; ignoram e desprezam a ética e são todos coniventes com as palavras de um seu parceiro que disse que ética e política são líquidos não miscíveis; ninguém se opôs à candidatura de pessoas suspeitas e arguidas que não inspiram confiança ao eleitor honesto e escrupuloso; todos votaram a lei de financiamento dos partidos a que nenhum cidadão medianamente informado ficou indiferente; nenhum tomou uma atitude frontal, bem visível, a favor do combate efectivo à corrupção e ao enriquecimento ilegal; todos aceitam a bagunça em que o País vai vivendo sob a ameaça da criminalidade violenta e da insegurança generalizada; a Educação, a Saúde, a Justiça, não têm evitado as ácidas críticas da generalidade dos cidadãos; a burocracia emperra todas as actividades, etc., etc.

Parece que estes pontos precisam ser resolvidos com eficácia e brevidade, mas na campanha são ignorados. Para eles não foram debatidos os respectivos projectos de solução. Os políticos que querem o nosso voto passam, olham para o lado e assobiam, para irem debater questões sem real valor em comparação com estas.

Daí o apelo: Por favor, falem-nos de Política nacional, estratégica, de preparação de um futuro melhor para os mais novos não terem de emigrar todos.

3 comentários:

Luis disse...

Amigo João,
Concordo inteiramente com os artigos em questão que vão ao encontro com o que diz Medina Carreira. Deixem-se de politiquices e palavras vãs, falem e façam POLITICA SÉRIA. Mas para isso haverá que mudar tudo que existe, "baralhar e dar de novo", pois o jogo actual está totalmente viciado! Nem os "HOMENS BONS" se podem "safar" nesta "lama" partidária existente... Ela funciona engolindo tudo e todos à laia das areias movediças!
Há que estar ALERTA SEMPRE para não sermos também engolidos!!!!

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Peço permissão a Le´~ao Pelado para transcrever aqui o comentário que deixou neste post no blog Mentira:

Mentiroso disse...

Excelente, realista, lúcida e verídica exposição. As alegações, argumentações, discussões e controvérsias dos partidos não passam de “gueguerras” para conquista dos tachos que um povo atrasado lhe permite, que não interessam ao país nem a ninguém senão a eles próprios. Quanto mais se agridem verbalmente, tentando ludibriar a mentalidade atrasada da população, por isso com resultados esperados, mais mostram as suas intenções promíscuas e prejudiciais para o país e menos confiança merecem.

Sem que os lugares de chefia e outros sejam postos a concurso para gente capaz e competente, em lugar de serem dados aos cães partidários, o progresso será travado e a burocracia continuará a asfixiar o país. As decisões que a todos afectam, como qualquer alteração à constituição, deverá ser aprovada por plebiscito.

A verdade seja dita: Sócrates conseguiu para o país o que os outros desprezaram, embora dum modo pouco elogioso, baixo e abjecto mesmo, que lhe conseguiu ser acusado de traidor dos Direitos Humanos pela Human Rights Watch. Os governantes fizeram muito bem fazendo de caixeiros-viajantes. Também fez pelos mais pobres do que os outros anunciaram, mas não fizeram. Só que, simultaneamente, tomou outras decisões em sentido absolutamente contrário, o que permitiu a continuação do aumento da fossa entre ricos e pobres, o que é altamente condenável.

Nada disto nem doutros assuntos de maior relevo para o país se houve da parte de qualquer partido. Só nos falam de lixo que não interessa, em ataques pessoais e assuntos do género sem o mínimo interesse, mas que, como citado, entra bem em ouvidos de desmiolados e lhes conquista votos contra o país, mas pela oligarquia que os amasse por vigarice. Vígaros, é o que são, desonestos, ladrões do dinheiro público, nojentos incapazes mas gananciosas, que para satisfazerem os seus baixíssimos sentimentos.

08-09-2009 20:42

Um abraço
João

Luis disse...

Amigos João e Leão Pelado,
Como estou feliz ao ler o comentário anterior! É exatamente este tipo de ALERTAS que é preciso apresentar a quem pretende ver PORTUGAL resurgir desta mediocridade politica em que se tem vivido ou melhor dizendo se tem vegetado! Acabar-se com o clentelismo partidário, obrigar-se ao concurso para os lugares de chefia na Administração, diminuir-se o número dos "sanguessugas" (leia-se: deputados, ministros, secretários de estado, secretários dos secretários de estado, secretários de secretários, etc.,etc.)seria uma das formas a dar credibilidade funcional que bem é precisa para resolução dos nossos problemas!
Um abraço, estou convosco!!!!