23/05/2010
Anatomia de Um Poder Novo – O Papel do Estado, da Sociedade e das Associações Empresariais
Eis uma súmula do que se entendeu essencial destacar desta conferência muito importante para se perceber o momento de crise que se vive em Portugal.
1. Falta-nos uma visão estratégica que nos permita acreditar no Futuro
Ao chegarmos ao ano 2010 os portugueses têm a sensação de que sabem o que foram mas não sabem o que vão ser. Falta-nos uma visão estratégica que nos permita acreditar no Futuro. Falta-nos definir os pilares de uma estratégia nacional que conduza à criação de riqueza, ao crescimento económico em desenvolvimento sustentável, sem o que os portugueses continuarão a ser chamados, periodicamente, a sacrifícios sem esperança (…)
(…) temos de reconhecer que ostracizámos, em demasia, o euro-atlantismo e não soubemos integrá-lo numa estratégia nacional, por inexistente, em que este seria uma mais-valia para a Europa. Como resultado o modelo de desenvolvimento que adoptámos está esgotado, desprezámos a agricultura, abandonámos a economia do mar, minimizámos a indústria transformadora e privilegiámos de forma desequilibrada infra-estruturas sem medir os custos-benefícios (…)
2. Portugal remeteu-se a uma estratégia de sobrevivência e de subsídio-dependência
Portugal menosprezou a sua história e em vez de ser um actor criativo da globalização remeteu-se a uma estratégia de sobrevivência e de subsídio-
-dependência. Afinal, parafraseando Eça de Queiroz: o Portugal de Hoje tem pouco de granja, fortaleceu a Banca e está longe de ser a oficina de empreendimentos inovadores e ambiciosos (…)
(…)E tudo isto deve ser feito num quadro de justiça social, numa anatomia de poder que rejeite a miscigenação do poder político com o poder económico, combatendo, sem tréguas, a corrupção que gangrena a democracia. É imperioso vencer o pessimismo com trabalho produtivo.
3. Questiona-se a configuração do Estado
(…) É urgente repensar o Estado, e não modernizar o inútil, eliminando políticas horizontais redutoras que o enfraquecem, sem remédio, em áreas essenciais. Esse desígnio nacional significa, também, desenvolver políticas de fomento da natalidade e migratórias, políticas de diferenciação da função social e valorização individual, de empregabilidade e de emprego, em que o modelo económico da globalização associe a opção europeia ao euro-atlantismo e, em particular, à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.(…)
(…) Como ideia-chave devemos, sem demora, rever os fundamentos da Administração Pública e das Empresas Públicas, abandonando as nomeações dos principais dirigentes por critérios de partidarismo ideológico e tornando-a símbolo da competência e da modernidade.
Neste Mundo em mudança a defesa e a segurança emergem como factores dominantes na vida dos cidadãos, devendo as respectivas instituições, designadamente as Forças Armadas, para além das suas finalidades essenciais de soberania num quadro de alianças internacionais e de preservação de valores que não devem ser perdidos, participarem na sociedade como motores do desenvolvimento do nosso País.
4. Os portugueses devem ser desafiados a reflexões sobre o futuro
Os portugueses estão angustiados e apreensivos, os caminhos que lhe indicam não são mais do que atalhos sem horizontes (…)
(…) os governos não dão sinais para grandes desígnios, antes estão imersos em iniciativas casuísticas; a educação degrada-se em facilitismos estatísticos, mau grado a emergência de nichos valiosos a justiça arrasta-se na lentidão dos processos e dissolve-se na comunicação social; a pobreza aumenta e as famílias desesperam; o endividamento, o défice orçamental e o desemprego atingem níveis alarmantes.
5. Os portugueses estão anestesiados por políticas e promessas
Os portugueses anestesiados por políticas e promessas têm acrescidas dificuldades em distinguir o real do imaginário, o bem do mal; e atraídos para um universo dominado pela confusão de valores, assistem perplexos ao alastramento de uma corrupção corrosiva de desigualdades sociais imprevisíveis, que assumem formas perigosas de legitimidade democrática e de comportamentos pretensamente respeitáveis.(…)
(…) A sociedade tem de impor ao poder político o abandono das palavras vazias, das decisões contraditórias, das leis obscuras e criar organizações que se imponham pelo exemplo na recompensa do mérito, na condenação de favoritismos e na eliminação de facilitismos redutores. No dizer de António Barreto os portugueses precisam de exemplo, de honestidade e verdade, perante o qual os afortunados têm consciência da sua responsabilidade social, os sabedores partilham os saberes, os poderosos olham para quem lhes conferiu o poder.
6. As associações empresariais devem indicar o caminho do “novo crescimento”
(…) É nos empresários que se tem de radicar a progressiva consciência de que ao criarem riqueza, a Terra deve ser respeitada e a de que um País de economia saudável é aquele que sabe equilibrar com inteligência a economia da proximidade e a economia da globalidade. Para o empresário dos tempos de hoje um ser humano, um trabalhador, é antes de mais um ser que nasceu para criar, sendo o trabalho parte essencial da sua criação. E para que esse trabalho seja produtivo, a empresa é acima de tudo uma organização ao serviço do bem comum (…)
(…) A sua capacidade de intervenção depende do fortalecimento de diálogos criativos e inovadores no seu próprio seio. Assim, poderão desempenhar um papel dinâmico na harmonização das políticas públicas e das estratégias empresariais, no âmbito de um novo modelo de desenvolvimento, que dê jus à opção europeia e ao euroatlantismo, inerente à posição geo-estratégica de Portugal.
7. Fazer emergir um Poder Novo baseado na ética da res publica
(…) para o que se impõe rever a Missão e as Funções do Estado, dinamizar a civilidade, apostar na capacidade criativa e solidária dos cidadãos e criar condições para que os empresários sejam agentes privilegiados do empreendedorismo, da criação e da coesão social. As associações empresariais, nascidas como a AIP-CE para empregar todos os meios possíveis e honestos para beneficiar a economia nacional, devem conjugar esforços para, em cooperação com o poder político, harmonizarem as políticas públicas e as estratégias empresariais.
Há que reconhecer a existência de sinais positivos na economia e na sociedade portuguesa. Saem hoje das universidades e de outros centros de saber, significativos spin offs, corporizando um conjunto de empresas de elevado perfil tecnológico e bem ancoradas em mercados internacionais. Impõe-se dinamizar esta tendência, aumentar a massa crítica e ganhar mais densidade e abrangência.
8. Portugal – que Futuro?
(…) A Reflexão sobre a “Anatomia de Um Poder Novo – o Papel do Estado, da Sociedade e das Associações Empresariais - pretende contribuir para a construção desse Futuro e dar sugestões para o debate nacional que não pode ser adiado.
Nessa construção não podemos deixar de realçar o valor da ética e da moral, ao abrigo das quais o futuro nos proporciona uma vida digna de ser vivida. Como nos disse Anne Frank vale a pena “não pensar em toda a desgraça, mas na beleza que ainda permanece”.
Pelo Prof. Veiga Simão
Conferência em 20 de Maio de 2010. 15h30
No Centro de Congressos de Lisboa
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4 comentários:
Resumindo, precisa-se de uma revolução, pois com o que temos não vamos lá.
Abraço!
Amigo Rafeiro Perfumado,
Há que mudar este cenário que já está gasto e muito pôdre!
Estou consigo!
Um resto de Bom fds.
Luís
Me parece ou tenho a certeza, de que tudo continua a favor de uma minoria e todos os outros, não são
Gente.
Tudo muda e se transforma, é a lei da natureza.
Sinto e sei que tudo tem de mudar.
As suas opiniões são benéficas para
todos. Obrigada por lutar!
Belo Texto!
Beijos,
Maria Luísa
Minha Amiga Maria Luisa,
Concordo consigo mas tarda a mudar...
Um beijinho amigo.
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