"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

23/05/2010

Anatomia de Um Poder Novo – O Papel do Estado, da Sociedade e das Associações Empresariais



Eis uma súmula do que se entendeu essencial destacar desta conferência muito importante para se perceber o momento de crise que se vive em Portugal.

1. Falta-nos uma visão estratégica que nos permita acreditar no Futuro
Ao chegarmos ao ano 2010 os portugueses têm a sensação de que sabem o que foram mas não sabem o que vão ser. Falta-nos uma visão estratégica que nos permita acreditar no Futuro. Falta-nos definir os pilares de uma estratégia nacional que conduza à criação de riqueza, ao crescimento económico em desenvolvimento sustentável, sem o que os portugueses continuarão a ser chamados, periodicamente, a sacrifícios sem esperança (…)
(…) temos de reconhecer que ostracizámos, em demasia, o euro-atlantismo e não soubemos integrá-lo numa estratégia nacional, por inexistente, em que este seria uma mais-valia para a Europa. Como resultado o modelo de desenvolvimento que adoptámos está esgotado, desprezámos a agricultura, abandonámos a economia do mar, minimizámos a indústria transformadora e privilegiámos de forma desequilibrada infra-estruturas sem medir os custos-benefícios (…)
2. Portugal remeteu-se a uma estratégia de sobrevivência e de subsídio-dependência
Portugal menosprezou a sua história e em vez de ser um actor criativo da globalização remeteu-se a uma estratégia de sobrevivência e de subsídio-
-dependência. Afinal, parafraseando Eça de Queiroz: o Portugal de Hoje tem pouco de granja, fortaleceu a Banca e está longe de ser a oficina de empreendimentos inovadores e ambiciosos (…)
(…)E tudo isto deve ser feito num quadro de justiça social, numa anatomia de poder que rejeite a miscigenação do poder político com o poder económico, combatendo, sem tréguas, a corrupção que gangrena a democracia. É imperioso vencer o pessimismo com trabalho produtivo.
3. Questiona-se a configuração do Estado
(…) É urgente repensar o Estado, e não modernizar o inútil, eliminando políticas horizontais redutoras que o enfraquecem, sem remédio, em áreas essenciais. Esse desígnio nacional significa, também, desenvolver políticas de fomento da natalidade e migratórias, políticas de diferenciação da função social e valorização individual, de empregabilidade e de emprego, em que o modelo económico da globalização associe a opção europeia ao euro-atlantismo e, em particular, à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.(…)
(…) Como ideia-chave devemos, sem demora, rever os fundamentos da Administração Pública e das Empresas Públicas, abandonando as nomeações dos principais dirigentes por critérios de partidarismo ideológico e tornando-a símbolo da competência e da modernidade.
Neste Mundo em mudança a defesa e a segurança emergem como factores dominantes na vida dos cidadãos, devendo as respectivas instituições, designadamente as Forças Armadas, para além das suas finalidades essenciais de soberania num quadro de alianças internacionais e de preservação de valores que não devem ser perdidos, participarem na sociedade como motores do desenvolvimento do nosso País.
4. Os portugueses devem ser desafiados a reflexões sobre o futuro
Os portugueses estão angustiados e apreensivos, os caminhos que lhe indicam não são mais do que atalhos sem horizontes (…)
(…) os governos não dão sinais para grandes desígnios, antes estão imersos em iniciativas casuísticas; a educação degrada-se em facilitismos estatísticos, mau grado a emergência de nichos valiosos a justiça arrasta-se na lentidão dos processos e dissolve-se na comunicação social; a pobreza aumenta e as famílias desesperam; o endividamento, o défice orçamental e o desemprego atingem níveis alarmantes.
5. Os portugueses estão anestesiados por políticas e promessas
Os portugueses anestesiados por políticas e promessas têm acrescidas dificuldades em distinguir o real do imaginário, o bem do mal; e atraídos para um universo dominado pela confusão de valores, assistem perplexos ao alastramento de uma corrupção corrosiva de desigualdades sociais imprevisíveis, que assumem formas perigosas de legitimidade democrática e de comportamentos pretensamente respeitáveis.(…)
(…) A sociedade tem de impor ao poder político o abandono das palavras vazias, das decisões contraditórias, das leis obscuras e criar organizações que se imponham pelo exemplo na recompensa do mérito, na condenação de favoritismos e na eliminação de facilitismos redutores. No dizer de António Barreto os portugueses precisam de exemplo, de honestidade e verdade, perante o qual os afortunados têm consciência da sua responsabilidade social, os sabedores partilham os saberes, os poderosos olham para quem lhes conferiu o poder.
6. As associações empresariais devem indicar o caminho do “novo crescimento”
(…) É nos empresários que se tem de radicar a progressiva consciência de que ao criarem riqueza, a Terra deve ser respeitada e a de que um País de economia saudável é aquele que sabe equilibrar com inteligência a economia da proximidade e a economia da globalidade. Para o empresário dos tempos de hoje um ser humano, um trabalhador, é antes de mais um ser que nasceu para criar, sendo o trabalho parte essencial da sua criação. E para que esse trabalho seja produtivo, a empresa é acima de tudo uma organização ao serviço do bem comum (…)
(…) A sua capacidade de intervenção depende do fortalecimento de diálogos criativos e inovadores no seu próprio seio. Assim, poderão desempenhar um papel dinâmico na harmonização das políticas públicas e das estratégias empresariais, no âmbito de um novo modelo de desenvolvimento, que dê jus à opção europeia e ao euroatlantismo, inerente à posição geo-estratégica de Portugal.
7. Fazer emergir um Poder Novo baseado na ética da res publica
(…) para o que se impõe rever a Missão e as Funções do Estado, dinamizar a civilidade, apostar na capacidade criativa e solidária dos cidadãos e criar condições para que os empresários sejam agentes privilegiados do empreendedorismo, da criação e da coesão social. As associações empresariais, nascidas como a AIP-CE para empregar todos os meios possíveis e honestos para beneficiar a economia nacional, devem conjugar esforços para, em cooperação com o poder político, harmonizarem as políticas públicas e as estratégias empresariais.
Há que reconhecer a existência de sinais positivos na economia e na sociedade portuguesa. Saem hoje das universidades e de outros centros de saber, significativos spin offs, corporizando um conjunto de empresas de elevado perfil tecnológico e bem ancoradas em mercados internacionais. Impõe-se dinamizar esta tendência, aumentar a massa crítica e ganhar mais densidade e abrangência.
8. Portugal – que Futuro?
(…) A Reflexão sobre a “Anatomia de Um Poder Novo – o Papel do Estado, da Sociedade e das Associações Empresariais - pretende contribuir para a construção desse Futuro e dar sugestões para o debate nacional que não pode ser adiado.
Nessa construção não podemos deixar de realçar o valor da ética e da moral, ao abrigo das quais o futuro nos proporciona uma vida digna de ser vivida. Como nos disse Anne Frank vale a pena “não pensar em toda a desgraça, mas na beleza que ainda permanece”.

Pelo Prof. Veiga Simão

Conferência em 20 de Maio de 2010. 15h30
No Centro de Congressos de Lisboa




4 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Resumindo, precisa-se de uma revolução, pois com o que temos não vamos lá.

Abraço!

Luis disse...

Amigo Rafeiro Perfumado,
Há que mudar este cenário que já está gasto e muito pôdre!
Estou consigo!
Um resto de Bom fds.

Maria Luisa Adães disse...

Luís

Me parece ou tenho a certeza, de que tudo continua a favor de uma minoria e todos os outros, não são
Gente.

Tudo muda e se transforma, é a lei da natureza.
Sinto e sei que tudo tem de mudar.
As suas opiniões são benéficas para
todos. Obrigada por lutar!
Belo Texto!


Beijos,

Maria Luísa

Luis disse...

Minha Amiga Maria Luisa,
Concordo consigo mas tarda a mudar...
Um beijinho amigo.