17/04/2010
A PROPÓSITO DOS SALÁRIOS DITOS "PORNOGRÁFICOS"...
A Lei 2105
Artigos de Opinião 2010-04-06 12:48
Acabemos de vez com este desbragamento, este verdadeiro insulto à dignidade de quem trabalha para conseguir atingir a meta de pagar as contas no fim do mês.
Corria o ano de 1960 quando foi publicada no "Diário do Governo" de 6 de Junho a Lei 2105, com a assinatura de Américo Tomaz, Presidente da República, e do Presidente do Conselho de Ministros, Oliveira Salazar. Conforme nos descreve Pedro Jorge de Castro no seu livro "Salazar e os milionários", publicado pela Quetzal em 2009, essa lei destinou-se a disciplinar e moralizar as remunerações recebidas pelos gestores do Estado, fosse em que tipo de estabelecimentos fosse. Eram abrangidos os organismos estatais, as empresas concessionárias de serviços públicos onde o Estado tivesse participação accionista, ou ainda aquelas que usufruíssem de financiamentos públicos ou "que explorassem actividades em regime de exclusivo". Não escapava nada onde houvesse investimento do dinheiro dos contribuintes. E que dizia, em resumo, a Lei 2105? Dizia que ninguém que ocupasse esses lugares de responsabilidade pública podia ganhar mais do que um Ministro.(...)
(...) A publicação desta lei altamente moralizadora ocorreu no Estado Novo de Salazar, vai dentro de 2 meses fazer 50 anos. Catorze anos depois desta lei "fascista", em 13 de Setembro de 1974 (e seguindo sempre o que nos explica o livro de Pedro Castro), o Governo de Vasco Gonçalves, recém-saído do 25 de Abril, pegou na ambiguidade da Lei 2105 e, através do Decreto-lei 446/74, limitou os vencimentos dos gestores públicos e semi-públicos ao salário máximo de 1,5 vezes o vencimento de um Secretário de Estado. Vendo bem, Vasco Gonçalves, Silva Lopes e Rui Vilar, quando assinaram o 446/74, passaram simplesmente os vencimentos dos gestores do Estado do dobro do que ganhava um Ministro para uma vez e meia do que ganhava um Secretário de Estado. O Decreto- Lei justificava a correcção pelo facto da redacção pouco precisa da 2105 permitir "interpretações abusivas" permitindo "elevados vencimentos e não menos excessivas pensões de reforma". Ao lermos esta legislação hoje, dá a impressão que se mudou, não de país, mas de planeta, porque isto era no tempo do "fascismo" (Lei 2105) ou do "comunismo" (Dec. Lei 446/74).
Agora, é tudo muito melhor, sobretudo para os reis da fartazana que são os gestores do Estado dos nossos dias. Não admira, porque mudando-se os tempos, mudam-se as vontades, e onde o sector do Estado pesava 17% do PIB no auge da guerra colonial, com todas as suas brutais despesas, pesa agora 50%. (...)
(...) Entretanto, para poupar uns 400 milhões nas deficitárias contas do Estado, o governo não hesita em cortar benefícios fiscais a pessoas que ganham por mês um centésimo, ou mesmo 200 e 300 vezes menos que os homens (porque, curiosamente, são todos homens...) da lista dourada que o "Sol" deu à luz há pouco tempo. Curioso é também comparar este valores salariais com os que vemos pagar a personalidades mundiais como o Presidente e o Vice-Presidente dos EUA, os Presidentes da França, da Rússia, e...de Portugal. Acabemos de vez com este desbragamento, este verdadeiro insulto à dignidade de quem trabalha para conseguir atingir a meta de pagar as contas no fim do mês. Não é preciso muito, nem sequer é preciso ir tão longe como o DL 446 de Vasco Gonçalves, Silva Lopes e Rui Vilar: basta ressuscitar a velhinha, mas pelos vistos revolucionária Lei 2105, assinada há 50 anos por Oliveira Salazar. Que tristeza!
Enviado por E-mail, pelo Amigo Fernando Resende
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1 comentário:
A propósito, ora cá vão uns salariozitos de remediados:
-Mata da Costa: Presidente dos CTT, 200.200 Euros
-Carlos Tavares: CMVM, 245.552 Euros
-Antonio Oliveira Fonseca: Metro do Porto, 96.507 Euros
-Guilhermino Rodrigues: ANA, 133.000 Euros
-Fernanda Meneses: STCP, 58.859 Euros
-José Manuel Rodrigues: Carris 58.865 Euros
-Joaquim Reis: Metro de Lisboa, 66.536 Euros
-Vítor Constâncio: Banco de Portugal, 249.448 Euros (este é que pode pagar mais IRS)
-Luís Pardal: Refer, 66.536 Euros
-Amado da Silva: Anacom, Autoridade Reguladora da Comunicação Social, ex-chefe de gabinete de Sócrates, 224.000 Euros
-Faria de Oliveira: CGD, 371.000 Euros
-Pedro Serra: AdP, 126.686 Euros
-José Plácido Reis: Parpública, 134.197 Euros
-Cardoso dos Reis: CP, 69.110 Euros
-Vítor Santos: ERSE, Entidade Reguladora da Energia, 233.857 Euros
-Fernando Nogueira: ISP, Instituto dos Seguros de Portugal, 247.938 euros (este não é o ex-PSD que se encontra em Angola !! )
-Guilherme Costa: RTP, 250.040 Euros
-Afonso Camões: Lusa, 89.299 Euros
-Fernando Pinto: TAP, 420.000 Euros
-Henrique Granadeiro: PT, 365.000 Euros
E ainda faltam as Estradas de Portugal, EDP, Brisa, Petrogal, todas as outras Observatórios e reguladoras ... Vilanagem É um fartar enfim! E pedem contenção!!
Imaginem o que é pagar um Subsídio de férias ou de Natal a estes senhores:''Tome lá meu caro amigo 350.000 € para passar férias ou fazer compras de Natal''.
E pagar-lhes esta reforma ... É no mínimo imoral e no máximo corrupção à sombra da lei ... Até porque estes cargos não são para técnicos, Mas são de nomeação política .. É isto que lhes retira toda e qualquer credibilidade junto do povo e dos quadros técnicos.
TUDO NOSSO DINHEIRO QUE ALIMENTA ESTE BANQUETE, ONDE A CRISE NÃO BATE À PORTA E Onde há aumentos PARA SEMPRE Amigos
PODE NÃO PARECER, MAS ESTES SÃO VALORES MENSAIS!!!!....
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