"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

14/11/2010

A IDEIA LIVRE


NATO, liberdade e opressão

A NATO sempre provocou divisões nas opiniões públicas europeias, sobretudo por causa do papel nela exercido pelos Estados Unidos. O sector comunista e o esquerdismo qualificaram-na como a “ponta de lança do imperialismo”, a esquerda moderada dividiu-se entre reticentes (como Manuel Alegre) e “atlantistas”, os primeiros fazendo companhia aos “gaulistas” e a outras variedades de nacionalismos, os segundos alinhando com democratas-cristãos, liberais e conservadores no reconhecimento de que era do interesse da Europa essa aliança com os norte-americanos, sobretudo quando uma ameaça político-militar soviética pendia sobre as suas cabeças.
Depois do fim da “guerra fria”, a NATO tem tergiversado acerca da sua função, meios e objectivos. A “ameaça islâmica radical” e o “terrorismo internacional” têm aparecido como dois inimigos das democracias liberais ocidentais, que poderiam exigir a sua existência e obrigar a certas reconversões. Mas, além de uma vaga percepção destas ameaças e dos choques emocionais causados por meia dúzia de grandes atentados, mantém-se fluida e pouco concreta a consciência colectiva acerca do grau de risco que isso representa para os povos do ocidente e do mundo. E, num planeta super-informado de meias-verdades e muitas mentiras, não basta os responsáveis afirmarem que a paz de que gozamos se deve à acção dos serviços secretos que lograram neutralizar muitas outras acções terroristas que, sem eles, teriam tido efeitos devastadores.
Cimeiras mundiais como esta que a NATO realiza em Lisboa suscitam sempre manifestações públicas por parte de discordantes e opositores, como é o caso da “PAGAN” (Plataforma Anti-Guerra, Anti-NATO), surgida há alguns meses. Até aqui, tudo bem, pois estamos no pleno uso da liberdade de expressão dos indivíduos e dos movimentos sociais ou políticos. Mas não é apenas “exagero policial” a constatação de que, desde Seattle em 1999, essas manifestações atraem quase sempre, para além de militantes pacíficos, uns tantos “desordeiros profissionais” que podem hoje deslocar-se de avião aonde existam “pontos quentes” (como os hooligans do futebol) e usam meios de comunicação modernos (Internet, telemóveis, etc.) para coordenaram as suas acções e provocarem alguns danos urbanos espectaculares capazes de serem retransmitidos pelos media para todo o planeta. Esta mistura de intenções e formas de expressão é sempre muito mais problemática.
Quanto à NATO e às guerras actuais, podem existir várias opiniões legítimas, com o lastro de uma esquerda tradicionalmente mais “pacifista” e uma direita mais “militarista”, mas onde o marxismo leninista veio introduzir a inovação, mais cínica, de “olhar o poder pela mira da espingarda”, o que veio baralhar muitas consciências. E até anarquistas históricos portugueses como Germinal de Sousa ou José de Brito, com fartos currículos pessoais de revolucionários, tiveram então a coragem de escrever que foi a NATO que impediu que todos nós, na Europa, tivéssemos sido “sovietizados”.
Serão dessa natureza (opressão versus liberdade) as ameaças que espreitam hoje as sociedades razoavelmente respeitadoras das liberdades individuais que tanto apreciamos?


JF / 12.Nov.2010, em www.aideialivre.blogspot.com

6 comentários:

A. João Soares disse...

Caro Luís,

Obrigado por teres trazido aqui este post. É um texto muito sereno, sem facciosismos, que ajuda a compreender um fenómeno mundial, geoestratégico, que passa ao lado da maior parte das pessoas.

Será bom que as relações internacionais passem a ser encaradas como um problema de diplomacia e não de guerra e que as armas deixem de ser indispensáveis. É um desejo de concretização impossível no imediato, mas que deve estar sempre presente na mente dos detentores do Poder, a fim de ser atingido cada vez de forma mais visível.
Para isso, é preciso que os do Poder saibam e queiram ouvir e fazer cedências até ser encontrada solução negociada para os diferendos. Assim se evitariam mortes de muitos soldados e civis que nada contribuíram para a génese do problema. Os que decidem a guerra nunca sofrem uma beliscadura!!!

Um abraço
João
Do Miradouro

São disse...

Pois, e quem impede agora de sermos estadounizados?
E para quê a Nato, se a URSS já se desmoronou?
Bom domingo.

Graça Pereira disse...

Meu Amigo
A Nato traz-nos agora grandes preocupações: a desordem que pode provocar (através dos seus vários manifestantes) e ainda o peso que esta Cimeira vai ter nos nossos bolsos...
Beijo amigo
Graça

São disse...

Penso que esteve ontem no lançamento do livro da Mariazita e por isso o venho convidar para ir até lá a casa, pois fiz um post sobre o tema.

Saudações.

Pedro Ferreira disse...

Obrigado, do fundo do coração. Retribuo tudo o que me desejou!

Um Abraço,
Pedro F.

Luis disse...

Meu Bom Amigo Pedro,
Que goze bem estes poucos dias com seus Pais.
Não me agradeça pois o mérito é seu pelo Amor que devota a seus Pais.
Um abração muito amigo.