Carta para um jovem quadro africano
Meu Caro Amigo,
Foi há quase doze horas que nos despedimos com um forte abraço. O abraço que liga o antigo aluno ao velho professor. (...)
(...)O mundo ocidental — a Europa e os EUA — estão a exportar — o conceito de democracia, a sua democracia, para todos os recantos da Terra como se fosse possível igualar o que não é igual. (...) (...) o conceito de Pátria é agregador, quer dizer, une os cidadãos à volta de uma ideia concretizada numa História comum, num desejo, também comum, de futuro, num território e no anseio de segurança e bem-estar para todos. Ora, pensando nos Estados africanos ao sul do deserto do Sara verificamos que herdaram a desunião como fruto do traçado das fronteiras coloniais. Raramente a um Estado corresponde uma única Nação. Temos, por conseguinte, Estados desagregados sobre os quais não se consegue construir um Estado democrático na perspectiva e nos padrões ocidentais.(...)
(...) pressinto a pergunta: - Estamos condenados a um modelo político diferente do democrático? Respondo-lhe que, em certa medida, estão e, noutra, não estão.(...)
(...) O discurso político das jovens elites africanas terá de ser não o do estafado modelo democrático ocidental, mas o da agregação, isto é, o do patriotismo.(...) (...)Um patriotismo que aponte para a Democracia; a Democracia de escolha daqueles que governam melhor em nome da Pátria — uma democracia não desagregadora, mas unificadora; uma democracia que junte os melhores para defender os reais interesses do Estado, cumprindo a finalidade suprema da sua existência: a segurança e o bem-estar dos povos e que, ao mesmo tempo, preserve o valor da Liberdade. A liberdade de oportunidades, a liberdade de realização, a liberdade de opinião.(...) (...)os novos Estados africanos terão uma (trilogia) que se fundamentará na Pátria, na Democracia e na Liberdade. Ao escolher a Pátria como valor supremo os Estados africanos — os da África Negra — estarão a optar pela identificação de tudo o que os une dentro das suas fronteiras, repudiando elementos de desagregadores (...) (...)Como lhe disse, ontem à tarde, um projecto desta natureza destina-se a ser abraçado por elites e quadros jovens, politicamente descomprometidos dos velhos partidos supostamente democráticos e, acima de tudo, jovens que rejeitem a corrupção como moeda de troca para realizarem os seus sonhos patrióticos (...) (...) com o domínio da instrução pública (...) (...) assegura-se a construção do futuro, formando cidadãos identificados com os valores supremos da Pátria, da Democracia e da Liberdade (...) (...) explica-se, no presente, a importância de optar por um valor que une, que identifica, que está equidistante da mesquinha luta de interesses menores e de projectos pessoais. (...) (...) em resumo, dir-lhe-ei que a Democracia é a prática do patriotismo; ela não pode existir sem que o agregado nacional tenha passado pelo estádio superior de identificação da Pátria. Estude a História das mais democráticas sociedades ocidentais e verificará a verdade das minhas palavras; foi o sentido de Pátria que uniu os Americanos na luta pela independência e, depois deles, todos os Estados do continente americano. Não foi essa a via seguida em África. Há que arrepiar caminho e corrigir o processo. Construir uma Pátria é pôr de pé um sonho lindo.
Até mais ver. Um abraço.
Nota:
Esta carta, como é dito no titulo deste post, poderia ser dirigida igualmente aos jovens quadros Portugueses e porquê? Porque na realidade a "partidocracia " aqui instituida desagregou o País e torna-se necessário reconstruir a Pátria Portuguesa e é nesse sentido que o discurso das elites jovens Portuguesas deverá, também, ter em conta um modelo de agregação ligado a patriotismo. "Um patriotismo que aponte para a Democracia; a Democracia de escolha daqueles que governam melhor em nome da Pátria — uma democracia não desagregadora, mas unificadora; uma democracia que junte os melhores para defender os reais interesses do Estado, cumprindo a finalidade suprema da sua existência: a segurança e o bem-estar dos povos e que, ao mesmo tempo, preserve o valor da Liberdade. A liberdade de oportunidades, a liberdade de realização, a liberdade de opinião." Por outro lado, há que considerar que "um projecto desta natureza destina-se a ser abraçado por elites e quadros jovens, politicamente descomprometidos dos velhos partidos supostamente democráticos e, acima de tudo, jovens que rejeitem a corrupção como moeda de troca para realizarem os seus sonhos patrióticos."
O "Sonho comanda a Vida" e, assim , reconstruir uma Pátria será um Sonho lindo!
Sem comentários:
Enviar um comentário