"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

19/01/2010

HOJE COMO ONTEM!


Ao rever meu arquivo de correspondência, encontrei este e-mail para um recém-reencontrado companheiro de velhas guerras.
Um ano após, quando os nossos políticos (estou já disposto a distribuir por todos vós a parte deles que me cabe) preparam o OE2010, tive a desplante ideia de partilhar convosco meu ainda inalterado ponto de vista.
É verdade que corro o risco que uma parte de vós fique com ganas de me estrafegar. Que importa, se hoje não acordei para amores?

Meu caro Manoel d'...,

Em 31/12/1981, meus ricos trinta e cinco aninhos, com vaga já assegurada para tenente-coronel após decisão do Supremo Tribunal em acção interposta contra a organização militar, enviei minha bela farda para arquivo e mandei-me para a emigração. Porquê? Porque a náusea causada pela descoberta da existência de um corporativismo profissional auto-proteccionista foi bem mais forte e porque esse corporativismo me revelou às claras a entropia que condenava o sistema à auto-degradação. É o que aí está!

Passados os anos em vivência com mundos diferentes acabei por descobrir a razão do nosso atavismo lusitano face a povos com quem gostaríamos de nos equiparar: Aquele corporativismo afectava afinal todas as organizações profissionais da praça lusa. Juízes, advogados, professores, médicos, apanhadores de lixo, comerciantes, ... todos, desde que estabelecidos sobre o pedestal dos direitos adquiridos, exigem o estatuto da competência profissional e da estabilidade ocupacional. Sem mais discussão.

Em todas as nossas organizações classificadas de "Serviço Público" (FA's incluídas), seria de supor que os gestores da actividade, impulsionados pelos profissionais do ramo, induzissem os decisores políticos à aplicação de processos de desenvolvimento dinâmico optimizados às necessidades dos tempos, balizados por restrições impostas pelas limitações económicas da base social de suporte. É lirismo? Não, se imperasse o sentido de responsabilidade ético-profissional.

Vejamos o que se passa com a "bola da vez", a classe dos professores:
- Após 1974, no conjunto do "grupo dos 30 ricos" (OCDE), as dotações orçamentais portuguesas aplicadas na Educação (como na Saúde e Justiça) têm-se situado no mais alto patamar da despesa "per capita", contabilizada pelo critério de "paridade de poder de compra"; apesar disso, Portugal nunca conseguiu sair da cauda desses países em praticamente todos os indicadores de eficiência educacional (como nos indicadores aplicados nas áreas da Saúde e da Justiça).

"A culpa é dos políticos!!!", gritam professores, juízes, médicos, o raio!, quando dados disponíveis indicam que Portugal é o País do "Grupo dos 30", com o mais baixo índice de formação e actualização profissional e menor aptidão à actualização técnico-profissional.

Reformas? Avaliação de desempenho? Era o que faltava!!!
É o contribuinte que paga as remunerações destes profissionais? Mas quéqué isso de contribuinte???!!!

Abraço do filho de Sô Gonçalbes


Enviado por e-mail pelo Amigo José Maria Gonçalves


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