Um óscar para Sócrates
A Academia de Hollywood falhou o óscar de Melhor Actor. A culpa é do governo: ao adiar a apresentação do PEC para segunda, o executivo impediu que José Sócrates recolhesse a estatueta no domingo pela sua prestação no filme ‘O PEC não aumenta impostos’.
O filme, realizado por Teixeira dos Santos, é a saga heróica de como um governo, em apenas cinco meses, consegue rasgar o seu programa eleitoral (no investimento público, no TGV, nos salários, nas reformas) e, ao mesmo tempo, garantir aos portugueses que os impostos não subirão. Este último milagre, em cinema, costuma exigir efeitos especiais.
Em Portugal, basta um actor especial: alguém que se apresente às câmaras para afirmar que só os ricos pagarão mais (apesar de serem menos de 1% dos contribuintes) e que o fim dos benefícios fiscais não vai rapar os bolsos da classe média já espremida. Razão tem Inês de Medeiros, sua colega de profissão, em declarações recentes: se Sócrates mente, isso não é grave. Grave, acrescento eu, é não aplaudir o talento de um homem que levou a arte a patamares nunca vistos.
João Pereira Coutinho, Colunista
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